quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Sofrimento esquálido



Nefasto destino que percorre veredas secundárias encobrindo de adornos a vida. Desmesurada manhã, cujo pensamento abstrato e ancorado na razão, reflete o dramático cotidiano do homem em face de seu destino.

À experiência singular de vidas envolvidas com uma forma obscura vivem a obrigação moral que a sociedade lhes reserva. Por um instante, se distanciam da realidade para recriar o tempo que perderam.

Pálido amanhecer que legasse a tarde uma noite sombria tacitamente aceita por todos. Um embate de um eu contra si mesmo tem como substrato o desassossego interior, a eliminação psicológica e física da alma humana.

Ó Saturno, ampara as almas melancólicas esculpidas pela tradição trágica do pensamento ocidental. Exorciza demônios e espíritos malignos que fazem doer o corpo insano e afastam do perigo e do medo que são inerentes ao viver.

A morte anunciada desde o nascimento atormenta os transeuntes desta nau a deriva. Abandonando a si mesma no decorrer da existência preferiu não deixar o corpo intacto adormecendo na eternidade das reticências poéticas.

Deixando o corpo, a alma triste deixa um recado póstumo:

— Despejarei pela boca as ideias de ontem e darei vozes às palavras indigestas!



José Lima Dias Júnior — 15.08.2013.

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