segunda-feira, 26 de agosto de 2013

No pêndulo do tempo


Expostos à luz do dia
surgem em meio à miséria
olhos esquecidos,
olhos imóveis,
olhos vivos,
olhos assustadores,
olhos de dores...
seres cinzentos com olhos fixos no nada
sem costumes, sem palavras,
criaturas mudas, apagadas pela insensatez humana,
exalam o cheiro da embriaguez dominical.


No tempo de sua juventude multicolorida
o sujeito lido retalha
em farrapos a pele miserável
que lhe cobre o corpo.

O alarido dos pássaros quebra o silêncio geral.
as horas frias vivem a melancolia dos dias
que vai e vem no pêndulo do tempo
com cólicas e sem saber gozar a vida.
podemos vê-las arrastando-se como serpentes em solo quente.

Não tendo nada melhor para fazer
as manhãs encolerizadas
pareciam traços atrozes fixos na paisagem
anátemas faz morada no tempo que assiste todos os dias a morte
como o único fim.
A arte parcimoniosa filtra as feições matinais, agitando-se febrilmente
no rosto lívido da vida.


José Lima Dias Júnior  — 25.08.2013

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