domingo, 18 de agosto de 2013

Minha loucura...


Observando todos os aspectos permanentes da loucura, coagi as manhãs. Que preso a uma incessante verdade móvel busquei no espaço dos dias a liberdade que se aliena.

Apenas os loucos podem de fato fundir arte-vida ao labirinto interior e de se manter amarrados a si mesmos. A forma concreta que prende e torna-se absoluta e punitiva na fronteira de um mundo dissonante demora a devolvê-los à sociedade.

Violentos foram os movimentos feitos pelo desatino que em rodopio me reduziu ao silêncio. A admissão dos insensatos, entre a liberdade e seus limites, claramente assinalados pela experiência asilar constitui uma ilusão ao olhar neutro dos agitados que seguem na solução das esperas.

A vida inquieta na docilidade das tardes, exposta ao sol, nada se criou. E tateando desajeitado segui na direção do êxtase para exorcizar as falas que constituem a alegria dos homens.

Num espaço vazio a loucura assume valores simbólicos de um inferno meticuloso não reservado para o mal, mas um lugar onde as dores não estão obrigadas a entrar.

Ao adormecer embalado pelos sons melancólicos, o homem sente morrer o entusiasmo e a imaginação daqueles que a contemplam. Um intervalo lúcido filtra tudo àquilo que não serve mais. Figuras reais que zelam pela extensão do tempo e pela multiplicidade das existências delirantes estão todas distantes de nós.


José Lima Dias Júnior  —  18.08.2013



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