Observando todos
os aspectos permanentes da loucura, coagi as manhãs. Que preso a uma incessante
verdade móvel busquei no espaço dos dias a liberdade que se aliena.
Apenas os
loucos podem de fato fundir arte-vida ao labirinto interior e de se manter
amarrados a si mesmos. A forma concreta que prende e torna-se absoluta e
punitiva na fronteira de um mundo dissonante demora a devolvê-los à sociedade.
Violentos
foram os movimentos feitos pelo desatino que em rodopio me reduziu ao silêncio.
A admissão dos insensatos, entre a liberdade e seus limites, claramente
assinalados pela experiência asilar constitui uma ilusão ao olhar neutro dos
agitados que seguem na solução das esperas.
A vida
inquieta na docilidade das tardes, exposta ao sol, nada se criou. E tateando
desajeitado segui na direção do êxtase para exorcizar as falas que constituem a
alegria dos homens.
Num espaço
vazio a loucura assume valores simbólicos de um inferno meticuloso não
reservado para o mal, mas um lugar onde as dores não estão obrigadas a entrar.
Ao adormecer embalado
pelos sons melancólicos, o homem sente morrer o entusiasmo e a imaginação
daqueles que a contemplam. Um intervalo lúcido filtra tudo àquilo que não serve
mais. Figuras reais que zelam pela extensão do tempo e pela multiplicidade das
existências delirantes estão todas distantes de nós.
José Lima Dias
Júnior —
18.08.2013
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