sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Eu vi...



Vi o tempo descolorido,
Amontoado de velharias...

Vi o trabalho prosaico —
Na mão de um ser humano,
Vi a morte, vi a vida,

Vi a intervenção de Ticiano em sua arte,
Vi a tarde entristecida,
Com intensos reflexos de luz,

Vi a vontade decorativa do pintor,
Enlanguescida pelas cores vivas
— que revela uma personalidade insegura e doente.

Vi o ímpio, vi o crente,
Penetrando em nossas mentes,
Tão arcaico, tão demente.

Vi a alegria, vi o sofrimento,
Vi o grito em desespero
Expressar a fé nos valores individuais do homem.

Vi um horizonte com ausência de linhas,
Vi um temperamento patético e misticamente exaltado,
Vi a cores tão irreais de um mundo alucinado.

Vi a noite tão fria chegar de madrugada,
Vi o ventre, vi a sina,
A beleza feminina versejando na esquina.

Vi as tramas, vi as astúcias,
Vi um sol amarelo acidulado abrasado pelo vermelho vivo,
Vi um homem perdido em volta de uma fé beata e milagreira,
À procura de efeitos gratuitos.

Vi a luz jogando fora
Restos de verniz escuro
Mergulhando em vermelhos e amarelos pálidos o passado e o futuro.


Dedico a João, visionário-lunático, da Comunidade do Lajedo. 

José Lima Dias Júnior, 17:28, 09/08/2013.


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