sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Retalhos de silêncio


Os fios que tecem a trama
Entrelaçam-se e amarram
Às pretensões e desejos
De uma onipotência
Cada vez mais representada
Pulando a própria sombra
Da opacidade sem limites
Subtraindo toda realidade.

O ato recolhe um modo de ser
Extraordinário de sentir
E escutar o silêncio
Enviando remissões
Na medida em que retrai
Um horizonte de doação
Que exige que nos contentemos
A partir de seu nada
A partir de sua ausência
Com o tempo ocupado
Somos colhidos
Para a embriaguez
Que se entrega
Ao inesperado, ao imprevisível.

Com o respectivo silêncio
E o pensamento a escutar
Sem espessura
Na ausência da fala
Que se cala cheia de sentimentos
Vibra e vive neste calar-se
Entrelaça a morte
No tecido da existência humana
Sem negar a si mesmo
A terra,
O mundo,
Os homens,
O nada...

Será o silêncio
A nossa única saída?
Acervo de palavras e imagens
Apela para outras palavras
Temporais e gestuais que
Vive e morre a cada instante.



José Lima Dias Júnior  — 30.08.2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário