sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A miséria da vida humana...


Verdadeiramente viva
a vida se agita
apesar das dores anunciadas.
Não escondo minhas feridas
abertas, lânguidas, doentias.
Ainda que gosto da dor que me consome
alegro-me com o sofrimento
da vida que escolhi.
Sou feliz com o infortúnio
que afugenta minha cegueira.
Como posso suportar os dias que não vivi,
das tardes não amadas, das noites que não rezei.
Minha esperança, a cada passo,
com novos e profundos espasmos
ordena-me que acredite na vossa misericórdia
que só Ele nos concede.
Mandai-me, que atinja os olhos meus!
Não preciso ser casto com o consentimento do Senhor.
Derrama por sobre essa criatura a miséria da vida humana,
alguém anunciava.
Contido em suas dores,
as enfermidades da alma libertam-se
do visgo que lhe prendeu.
Oxalá, já não basta!
Alimentar o corpo enfermo
Com a minha indigência
Reduzindo-me ao nada.
Que a morte não me arme ciladas no caminho!


José Lima Dias Júnior  — 06.09.2013

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