segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O debilitado demiurgo


O vetusto demiurgo
de alma canonizada
reduz o poeta
a condição de penitente.
Figuradamente,
o olhar moralista da divindade
não sepulta o lirismo
satírico do bardo pródigo e austero
que se veste com pano barato
que os servos teceram
desconsoladamente na luz da manhã.


José Lima Dias Júnior — 30.09.2013

A solidão poética


O tom exclamativo não
estranho a voz do poeta
tende a concentrar em sim mesmo
o triste ambíguo de alma depressivo,
melancólico...  Solitário!
Se posto no contexto inteiro
que partilha uma sombra de culpa
magoada como a criança geniosa
onde o tu e o eu assenta
a liricidade das manhãs em flor
refletida nos olhos de cada um
assinala a voz do indivíduo,
nomeando palavras.


José Lima Dias Júnior — 30.09.2013

Prosa intimista




Fecha-se o horizonte 
curvando-se humildemente
ante o enigmático destino
que produz novos símbolos
novas sombras no desejo
de entrever a opacidade,
aparentemente psíquica,
individualizada... Difusa
se desloca para o centro,
degradando a moral coletiva.

José Lima Dias Júnior — 29.09.201

Imutável




A unidade do “eu”
submerso, cinde a alma
degrada a carne crua,
despida de ossos
para sentir arroubos
absolutamente humanos
afetivos e imaginários
numa luta árdua que prepara
encontros consonantais
solitários e solidários
induzindo os espíritos livres
a mirar a fecunda perspectiva,
o eternamente vivo.

Imagem: Ananda Kuhn, "A Queda." Acrílica, Grafite, Pastel Oleoso, Colagem sobre Papel.

José Lima Dias Júnior — 29.09.2013

Anímico




A exterioridade lírica,
ardente e intensa
entretém a alma 
na relação eu-tu.
É uma introjeção viva
composta pela intimidade,
afetiva ou carnal,
da prática simbólica,
da vida profana.
Movimentos paradoxais
fundem modos relacionais
distintos e dogmáticos
metaforizando a vida
no convívio homem-deus.

José Lima Dias Júnior — 29.09.2013

domingo, 29 de setembro de 2013

Homens toscos




A ganância leva os homens 
a semearem a discórdia,
parecem ter feito um pacto 
com as expressões 
mais hieráticas do obscurantismo.
Sujeitos de um mesmo processo,
em geral passivos,
porém, movem-se por um foco de poder
que fazem temer e obedecer
os fantoches grotescos que criaram.

José Lima Dias Júnior — 29.09.2013

sábado, 28 de setembro de 2013

Em sintonia com algo transcendente...

Imagem do filme Thor: O mundo sombrio


Verbo livre, extremo, inquieto. Pelo vento se espalha num “exercício poético”. Como velhos arquétipos de jovens escritores eis o reflexo de um lirismo canônico.

Mar absoluto, esquina do litoral tipicamente imagética. Flutuava sobre o silêncio da melancolia e das memórias da infância entre terra e oceanos.

Atmosfera urbana cercada pela solidão e pelo medo, cuja sombra, sem limites, sujando a luz da noite nega-se a penetrar em espaços coloridos.

A sombra, sem brilho, vaga e sem enredos, insiste em não se aproximar da presença relativa da luz. Assim, desfeita a luz, acoberta a penumbra entorpecida de formas transitórias quase sem vida, sem alma, sem cor.

Numa dispersão, já distante, repousa noutros mares minha adolescência. Gestos empoeirados, sem movimentos, desprendidos semeiam negras rosas filhas da mesma haste em flor.

Assim, disfarçado, incorporo enredos coloridos que abrigam nuvens derretidas molhando um rude sol amedrontado pela cálida neblina tão fria e indiferente.

Triste sombra que insensível fica a luminosidade da luz angustiada pelo corpo opaco. Libertando-se busca encontrar nos escuros tons os ensejos perdidos soterrando os êxtases matinais.

Cruzando os indigentes horizontes, onde o impossível não possa existir, a morte insepulta, jaz muda, derrama-se pelos charcos potenciando os espasmos do transe.




José Lima Dias Júnior — 28.09.2013

Via crucis humana...

Os retirantes, Portinari



O tom ascético 
da via-sacra
expressando o verbo, 
descarnado na favela,
na latada, no barraco, na tapera
insubmisso a simbologia
desdobrava-se pela entoação
de brados e gemidos...
Diante desse massacre
tragicamente desigual
multiplicava-se atos-coisas perversos.
São os mortos que intercedem pelos vivos!
Na penumbra da noite temos
que nos valer dos anjos da guarda,
dos rosários e terços,
dos santinhos e escapulários
para serem invocados todos os transcendentes
comum na existência dos espíritos... Aflitos!
Caíram sob a égide da demonização
causando desníveis e fraturas
nesse cenário obscuro como sintomas de barbárie.

José Lima Dias Júnior — 28.09.2013

Expressões simbólicas

"Andre Breton", por Shahla Rosa



Um todo homogêneo
Forja estágios arcanos
Para enxertar um vício nefando.
Catecúmeno partilhou 
As expressões simbólicas,
Dos espíritos malévolos,
Para preencher esse
Vazio teológico que
Expressa à ação
Extrema dos iconoclastas.


José Limas Dias Júnior — 28.09.2013

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Horrendos alaridos...

Pintura “A Porta do Inferno” de Nattini.


O sublime, o terrível,
O sombrio, o melancólico,
Esses vultos de assombro,
Minuciosos, incidem
Na expressividade totalizante
Digna dos profetas que presume
A existência não como um todo
A ser superado, mas, como interiorização do outro.


José Lima Dias Júnior — 26.09.2013

O cinzel do rude escultor...

Imagem: Simbiosis, escultura em mármore de autoria de Pascale Archambault, vencedora do Primer Festival de Escultura de Guatemala “Guatemala Inmortal” de 2007.


Moldar o mármore, embora não figurativo,
Icônico, expressivo, mas abstrato.
As linhas de superfície flexíveis ao realismo
Compraziam-se nesse virtuosismo entalhar
Cuja rigidez quase esquemática da imagem anônima
Guarda a mesma face tosca e solene do talhe arcaico do ethos.
Onde o cinzel rude soube imprimir na solidez da rocha metamórfica
As dores do mundo providas de veios coloridos.


José Lima Dias Júnior — 26.09.2013

Corte sincrônico



Um corte sincrônico, sem maiores traumas,
Absorve, a seu modo e nos seus limites,
Espasmos razoavelmente articulados e estáveis.
Afetos vividos se traduzem mediante
Uma economia de gestos e formas.
Pudera-me reconstituir aquele homem mutilado,
Um ser reduzido à inanidade.
Tecido de silêncio e signos
Procura urdir os fios da alma
Que emigram das zonas marginais objetos indefectíveis.


José Lima Dias Júnior — 27.09.2013

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Um corpo em transe...



Quanto aos que ficam na margem
Renegados pelo tempo 
Outros seguem o curso das águas 
Em movimento se defrontam 
Com Homens vencidos.
Populações de diversas origens,
Simbiose primitiva e simbólica.
Uma procissão de enterro,
Promovida pela insensatez humana,
Fez surgir um desenho geométrico
Riscado por um corpo em transe
Cantando sua raiz étnica e narrando
Um complexo de formas significantes
Para atualizar em si a própria existência.

José Lima Dias Júnior — 26.09.2013

Presente-futuro

Imagem: Eugene Smith


Projetou-se no presente
um futuro que ainda não veio
Insatisfeito, intocado
num processo de fusões 
que trouxeram seu passado de volta.
Jogo inconsciente,
hábitos enraizados na cotidianidade.
Formas simbólicas e imaginárias
de luz-sabor surgem
entre as rupturas,
diferenças e contrastes mais livres de existências.
Livrando-se do jugo presente,
galopando por todo caminho
em meio a acordes dissonantes
que revelam a epopeia do viver.
Horizontes de vida lentissimamente
gestando as cores das sombras
que intermitentes rodam
as figuras sofridas ocultas sob si mesmas.
Vislumbramos acenos do ócio preferindo verberar os dias
e não a poetização das homilias dominicais.
Um verbo de açoite no bico dos sabiás
se funde em sonhos para compor as aparências do presente-futuro.

José Lima Dias Júnior — 26.09.2013

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Raízes do Brasil




Dedico ao amigo professor-historiador Adinalzir, Rio de Janeiro.

Caminhos e fronteiras
Bandeiras e missões
Bandeirantes, errantes
Condição colonial, a força!
Vida no trópico, nascer,
Comer, dormir, amar,
Chorar, morrer, sepultar.
Índio, negro, branco na linha
Das flutuações mercantis
As marcas do cotidiano — existência
Interpessoal e subjetiva, ativa.
Luso-africano, luso-indígena
Índia, mucama, esposas e senhoras,
Uniões fugazes, filhos bastardos.
Seres caçados na selva, almas capturadas,
Pelo desejo cristão, vítimas imoladas em nome da fé.


José Lima Dias Júnior — 24.09.2013

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Agônico




Ocupar uma nova terra
Lavrar o roçado que plantei, 
Onde Verbos floridos foram desbravados
E cultivados por culturas seculares.
O ato de amanhar o solo — ação de arrumar
De corrigir as incontáveis tarefas
O domínio sobre a natureza.
Caminhando pela senda
Proferindo muitas sandices
Povos colonizáveis produziram
Com o suor coletivo as suas memórias.

Agônico — processo civilizatório!


José Lima Dias Júnior — 23.09.2013

Natureza humana



Ordem humana acima das tendências incompletas e incoerentes prolonga-se obcecadamente pelos negócios terrestres práticos, aonde a humanidade vem tomar a direção da contramão. Escravos de Deus, atrasados e perturbadores de si mesmos conforme a natureza de cada um. Opostos representam empiricamente um profundo desprezo aos meros demolidores da democracia anárquica afastados do verdadeiro espírito do nosso tempo.


José Lima Dias Júnior — 23.09.2013

Trágico...

Hiroshima atingida pela bomba atômica, em 16 de agosto de 1945.


O som da tragédia 
Ecoam pela senda
Sombra, luz, vida e morte...
Crianças, mulheres, homens,
Velhos, inválidos e infelizes...
Lamentos, choro lutuoso,
Angústia coletiva, canto fúnebre...
Almas dilaceradas recolhem peles e ossos
Para conceder a existência.

José Lima Dias Júnior — 24.09.2013

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Mundo visível...


Não quis exprimir essa criatura espiritual
Nem atingi-la com vocábulos decaídos
Mas, manifestar em palavras uma breve expressão.
A solidão das esperanças breve e resumida
Pela enumeração dos dias, rude e carnal,
São feitos da mesma substância que repousa dentro de ti.


José Lima Dias Júnior — 22.09.2013

domingo, 22 de setembro de 2013

Exílio


Andei errante, desgarrado.
No meu exílio me reconduzi
Pra dentro das vicissitudes do tempo
Onde encontrei um nada absoluto,
Um modo qualquer de renascer.
Exprimindo indizíveis lamentos
Encontrei perpétuas dores,
Dispersas e deformadas
Conforme me estabelecia
Entre minhas confissões.


José Lima Dias Júnior  —  22.09.2013 

Suscetível ao tempo...

Macbeth, desenho original em papel, por Salvador Dalí


Massa informe
Estranhamente unida
Por um laço de paz.
O pão que alimenta,
As lágrimas que matam a sede
Indefectivelmente unidas
Revolvem as ínfimas criaturas
Nas frivolidades da alma.
Sem variedade de movimentos
Insistem em bater à porta
Que está sujeita ao tempo,
Apesar da luz do meio-dia.


José Lima Dias Júnior — 21.09.2013

sábado, 21 de setembro de 2013

Tua sobriedade...



As noites encerram grandes mistérios
Por tua culpa, mal vivi as cálidas manhãs.
As tardes, ardente e anelante, 
Em forma de movimento se afasta de vós.
Vejo claramente invocando a verdade,
Revelando que o caos transcende o tempo.
Debaixo dos vossos olhos persiste a sobriedade
Vendo os murmúrios do mundo distende no tempo.
De céu em céu e unida a vossa felicidade
Arrasto-me para outra parte que está acima do nosso céu.


José Lima Dias Júnior — 20.09.20
13

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Minhas trevas



Estenderam-se as trevas sobre o abismo
Formando um mundo imutável, disforme.
Deste quase-nada criado
Antes de haver o dia, a sobretarde retorce.
Lá, não se pode sentir e medir o tempo,
O caos transcende a matéria informe
Incapaz de ter forma, os filhos dos homens,
Calam-se perante o tempo... Ficam em silêncio
Perante os dias conservam-se totalmente imóveis
Sem doçura, feita das mudanças das coisas,
Tinha criado outro céu ultrapassando
A sucessão de espaços volúveis de tempo.

Escorreguei nas trevas que criei... Obscureci-me!


José Lima Dias Júnior — 19.09.2013

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Sobre o abismo



A miséria batendo à porta
Pediu para entrar
Não pediu demora
Cansada da pobreza
Da inteligência humana
Falou que as fraquezas
Dos homens estão
Espalhadas sobre a alma.

José Lima Dias Júnior —18.09.2013

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A unidade do meu ser

Quadro Limbo, Salvador Dalí

Desprendendo-me dos dias
Divido-me em memórias
Esquecendo as coisas passadas.
Sem distração alguma
Alcançarei a unidade do meu ser
Como aquela que existe no presente.
Não se emprega o Verbo,
Onde não existe o tempo.
Anjos e demônios,
Dotados de formas várias,
Profundamente inquietos
Manifestam-se na abundância da miséria.


José Lima Dias Júnior — 18.09.2013


Desiludir-se



Desde o instante que comecei a vê-la
Presenciei por longo espaço de tempo
O dobro daquilo que imaginava ver.
Um cálculo exato ou aproximativo
Onde igualmente vemos
O movimento do corpo
Foi impossível medi-la.

Fez-se silêncio... No ponto que meço
Até o limite determinado do outro ponto
Suscetível de ser comensurado existe
Um intervalo que se dilata, colhendo as desilusões.

José Lima Dias Júnior — 17.09.2013

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A natureza do tempo



O passado ainda perdura
Neste espaço de tempo,
Equivalente às reminiscências
Que decorrem lícitas
Porque já não será
Possível medi-las.

Por onde caminham as lembranças
Do tempo que ainda não existe,
Atravessando aquilo que não foi caminho,
Que não tem nenhuma extensão
Em pleno curso do Sol
Ante o movimento de todos dos corpos.


José Lima Dias Júnior — 16.09.2013

domingo, 15 de setembro de 2013

Infância


Minha esperança,
Minha infância existe
Presentemente,
Existente no passado
Que invoco da
Minha memória.

Memória que relata
Palavras concebidas
Já dotadas de existência
Das coisas passadas,
Presente na alma.


José Lima Dias Júnior  — 15.09.2013

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Meu tempo



Transcritas as palavras
O tempo presente clama
Ao espaço de um só dia
O longo futuro que lhe espera.
O tempo já não existe
Não é contínuo
Nem separado
Por uma sucessão
De instantes alheios
No antes e no depois
Metafísica da síntese,
De continuidade,
Construída por nós...
O tempo é convenção...
É indivisível.


José Lima Dias Júnior — 12.09.2013

Imutável loucura



Minha insanidade
Perpetuamente imutável
Saboreia as coisas eternas.
Ainda volita ao redor das ideias
Um pouco do esplendor,
Das ações sucessivas transitórias,
Antes da criação do mundo
Excogita os profundos mistérios
Da eternidade imóvel.

José Lima Dias Júnior — 12.09.2013


Laguna

Fishermen in Grandville - Nicolae Grigorescu (1884)


Os barcos,
Ao fundo,
Refletem-se
No braço
De mar Tranquilo,
Contornado pela enseada
A depressão formada
Por água salobra
Comunica-se com o mar
Através de rios e lagos
Na borda litorânea.


José Lima Dias Júnior — 11.09.2013


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Em conversa com a amiga lunática (Parte II)


Um mundo proibido de novas ideias não era possível naquele ambiente.  Pelo labirinto multicor o que se via era uma propaganda panfletária de inspiração libertária, onde os revolucionários viviam a pregar a subversão social e política de um jardim em flor.

Além de adotarem uma crítica ácida e uma proposta utópica de sociedade sem classes costumavam guardar em garrafas de vidro a esperança de dias melhores.

Dentro de um velho armário costumava guardar tesouros proibidos como a Divina Comédia de Dante Aligheri, Utopia de Thomas Morus, Os miseráveis de Victor Hugo, entre outros.

Um céu argênteo com nuvens de cores diáfanas e cristalinas anuncia a dança das borboletas siderais; insetos lepidópteros de hábito diurnos de antenas apicais dilatadas e asas sem frênulos. A luz intensa torna-se elemento que anima a cópula de inúmeros insetos. Sob a imensa abóbada do firmamento em um rodopio o arcanjo anunciador toca seu clarim aos quatros cantos do Mundo vibrante de cambiante e reflexos de luz.

Outro anjo concede ao músico-arcanjo uma pausa a tão incansável atividade. Temas melancólicos exprime a alma do poeta, pleno de amargura, um contratempo ligado à visão da realidade.
Assim, invadiram espaços abandonados para contestar o caos, o jogo de interesses e as políticas excludentes. No rosto da juventude não há no vazio a voz silenciada das esquinas... Ganhou força as vozes nas ruas com are modernos das mobilizações sociais ou digitais.


Mulheres, homens e jovens foram rotulados de “indesejáveis” e, como tais, execrados da sociedade vegetal. Movidos por suas utopias esqueceram por alguns instantes os seus ressentimentos, medos e frustrações.


 


José Lima Dias Júnior — 11.09.2013

Em conversa com uma amiga lunática...



Um menino chamado Hansan exausto após longa jornada interior, adormeceu e perdeu o horário de saída do tempo presente que o futuro-passado roubou.

É que a cada manhã somos dilacerados pelas feras híbridas, seres mitológicos reais que aquiescem de forma pragmática pela hiperbólica dolorosa agonia que os dias nos impõem.

No decisivo processo de formação das coisas, seres, plantas, águas afloraram rivalidades triviais, disputas e conflitos interpessoais. Compartilharam numa rede social o duro e sofrido cotidiano das crianças refugiadas, mas não minimizaram suas indiferenças e tão pouco priorizaram interesses comuns.

Encontrar um terreno fértil para se desenvolver a esperança, “planta exótica”, aqui, no meu jardim tridimensional. Paralisou-se a cidade por alguns dias por terem enterrado as ilusões.

Entre cactáceas e canafístula-de-besouro esconde-se um grande efeito simbólico das catingueiras que estimuladas pela imaginação confraternizam entre conselhos e articula-se com os juazeiros uma tentativa de insurreição sustentável planejada por marmeleiros anarquistas.

Algumas demandas foram atendidas e o acordo foi ratificado contribuindo para a autoestima dos seres abissais. Alguns foram perseguidos, presos e outros deportados. 



José Lima Dias Júnior — 10.09.2013