domingo, 28 de julho de 2013

Floração pictórica...

 Dedico esse texto ao meu sobrinho, Daniel Medeiros, pela admiração, generosidade e carinho que tenho a sua pessoa.

Quadro Flores, Van Gogh


Naturezas-mortas que outrora aflorou uma imagem de juventude e de inocente felicidade revestem os átrios e os jardins secretos que, produzem efeitos ilusórios, correm em volta do arrebol. Solenes figuras, desenterradas, estendem-se ao longo dos dias díspares, cujas personagens nuas movem-se com lentidão dentro do espaço limitado de si mesma. Por entre um campo de mosaico surge uma nova civilização, misteriosa em sua origem, exposta as catástrofes do tempo e dos homens. Aludida claramente à gênese de um ambiente singular que não anula o efeito plástico do deslocamento dos pássaros voando livremente entre as frondes presas no firmamento. Inúmeras iluminuras ilustram os valores simbólicos tão diferentes da refinada elegância cromática dos Evangelhos renovando as tradições tipicamente provinciais. Na abstração da cor límpida pintada nos alvorecer das manhãs conservam uma evidência dramática das ilusões humanas que sem uma língua autônoma se aproxima do idioma vulgar dos sábios imortais velados por luminosidades irreais. Nas grandes vias das peregrinações, o homem se desenvolve com o desabrochar das línguas de uma babel popular sintetizando as culturas mais diversas. Com figuras de arcanjos e profetas gravitando por entre os astros celestes sua fixidez sobre-humana acentua-se pelos círculos dos caracóis azuis inteiramente pintados pelo brilho intenso da pluma dos assanhaçu. Além muito além, três anjos em adoração acenam para o amanhecer conservando a expressão simbólica dos sentimentos que escorre de linhas curvas, delineada dentro de contornos dinâmicos, pela mão que o criou. O grito lancinante dos homens voando em volta da imagem contorcida de dor tragicamente destruída pela insensatez humana.


José Lima Dias Júnior, 15:21, 28/07/2013.

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