Os devaneios
revelam-se infinitamente fecundos, com facilidade, instalam-se na teia que tece
a trama do fazer diário. Apenas a morte a meio caminho sufoca e reduz o homem
ao silêncio. Condenado fui a substituir
a submissão moral pela exclusão negativa dos seus desejos. Imperavam neles a
abstração das elaborações míticas que purificando no espaço das estruturas
internas se acumulam no pó da estrada. A descoberta de uma nova via a conversão
dos costumes, a loucura procurando equilíbrio na compaixão pelo sofrimento alheio para prover às próprias necessidades.
Naturalmente sentida casa fora, casa dentro. Mesmo não eliminados por uma
existência estranha estamos obrigados a fazer parte deste espetáculo
constrangedor, onde as marcas do horror insistem em nos acompanhar. Portanto, é
preciso estabelecer um modelo de homem civilizado, completamente gratuito,
destinado a tratar indistintamente todos da espécie humana. Imunizar a
sociedade contra a tirania e o jugo da autoridade constituída que os unem numa
única forma institucional de ordem temporal. Somos vítimas sangrentas do seu
frenesi. Adormecidos tranquilamente sobre suas vestes cai à nova ordem mundial.
A alienação até aqui heterogênea apresenta-se transitória nas extensões finitas
de corpos ou objetos existentes sem ainda se confundir. Ave-pássaro, abraços
noturnos que se cruzam de modo obscuro no rodopio que conduz a loucura à razão.
Uma verdade que se oculta, o domínio dialético do rico sentado à mesa e o pobre
sentado ao chão. A liberdade restrita é sempre uma prisão. Contudo, a coação
ininterrupta não lhe pode permitir a autonomia... Num grito uníssono, a liberdade, feito imaginação
solta, se materializa em palavras, porém, não se apaga diante da brutalidade
real.
José Lima Dias Júnior
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