terça-feira, 16 de julho de 2013

Elogio à loucura



  
Os devaneios revelam-se infinitamente fecundos, com facilidade, instalam-se na teia que tece a trama do fazer diário. Apenas a morte a meio caminho sufoca e reduz o homem ao silêncio.  Condenado fui a substituir a submissão moral pela exclusão negativa dos seus desejos. Imperavam neles a abstração das elaborações míticas que purificando no espaço das estruturas internas se acumulam no pó da estrada. A descoberta de uma nova via a conversão dos costumes, a loucura procurando equilíbrio na compaixão pelo sofrimento alheio para prover às próprias necessidades. Naturalmente sentida casa fora, casa dentro. Mesmo não eliminados por uma existência estranha estamos obrigados a fazer parte deste espetáculo constrangedor, onde as marcas do horror insistem em nos acompanhar. Portanto, é preciso estabelecer um modelo de homem civilizado, completamente gratuito, destinado a tratar indistintamente todos da espécie humana. Imunizar a sociedade contra a tirania e o jugo da autoridade constituída que os unem numa única forma institucional de ordem temporal. Somos vítimas sangrentas do seu frenesi. Adormecidos tranquilamente sobre suas vestes cai à nova ordem mundial. A alienação até aqui heterogênea apresenta-se transitória nas extensões finitas de corpos ou objetos existentes sem ainda se confundir. Ave-pássaro, abraços noturnos que se cruzam de modo obscuro no rodopio que conduz a loucura à razão. Uma verdade que se oculta, o domínio dialético do rico sentado à mesa e o pobre sentado ao chão. A liberdade restrita é sempre uma prisão. Contudo, a coação ininterrupta não lhe pode permitir a autonomia... Num grito uníssono, a liberdade, feito imaginação solta, se materializa em palavras, porém, não se apaga diante da brutalidade real. 


José Lima Dias Júnior

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