segunda-feira, 3 de junho de 2013

Visão pictórica...

Jardim das Delícias, Hieronymus Bosch


Teorizações formais, irremediavelmente, subvertidas no equilíbrio espiritual e convencional da fé aparecem tragicamente nos prazeres e no luxo de uma vida muitas vezes sem horizonte que reflete as profundas contradições socioeconômicas e morais. Um panorama muito variado irrompe o protesto solitário de um deus verdugo. Não sem razão, a flor de um século-futuro abre suas pétalas até lhe reconhecer uma autêntica unidade ilusória, mergulhando os homens numa atmosfera quase irreal.

Logo, a nulidade dos dias não é capaz de manter intacta a força poética que brota da tez das manhãs, cujas luzes frias e acusadoras parecem retirar das criaturas aflitas o peso da sua materialidade, transfiguradas por um sentimento que as consome.  

Captados nos seus ambientes, figuras ávidas derrama vibrações frias e estéreis, onde valorizam as sombras coloridas entregues ao horror da tragédia humana. A iluminação das formas abstratas fortemente marcadas pelo tempo empreende uma viagem em tons densos, expressão de uma alma solitária.

 Mas, na tensão de um movimento repentino, o homem imerso em sua insensatez na sua aparente linearidade de concepção, anula sua própria existência.  Por fim, notas ritmadas numa vibrante sinfonia anuncia o prenúncio de um passado-presente sobre um leito ondulante e coberto de imagens indefinidas que se alternam no pingo do redemoinho.


José Lima Dias Júnior


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