Jardim das Delícias, Hieronymus Bosch |
Teorizações formais, irremediavelmente,
subvertidas no equilíbrio espiritual e convencional da fé aparecem tragicamente
nos prazeres e no luxo de uma vida muitas vezes sem horizonte que reflete as
profundas contradições socioeconômicas e morais. Um panorama muito variado
irrompe o protesto solitário de um deus verdugo. Não sem razão, a flor de um século-futuro
abre suas pétalas até lhe reconhecer uma autêntica unidade ilusória,
mergulhando os homens numa atmosfera quase irreal.
Logo, a nulidade dos dias não é capaz
de manter intacta a força poética que brota da tez das manhãs, cujas luzes
frias e acusadoras parecem retirar das criaturas aflitas o peso da sua
materialidade, transfiguradas por um sentimento que as consome.
Captados nos seus ambientes, figuras ávidas
derrama vibrações frias e estéreis, onde valorizam as sombras coloridas
entregues ao horror da tragédia humana. A iluminação das formas abstratas
fortemente marcadas pelo tempo empreende uma viagem em tons densos, expressão
de uma alma solitária.
Mas, na tensão de um movimento repentino, o
homem imerso em sua insensatez na sua aparente linearidade de concepção, anula
sua própria existência. Por fim, notas
ritmadas numa vibrante sinfonia anuncia o prenúncio de um passado-presente sobre
um leito ondulante e coberto de imagens indefinidas que se alternam no pingo do
redemoinho.
José Lima Dias Júnior
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