quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Quando o tempo e o homem se entrecruzam

Imagem: Hossein Zare, fotógrafo iraniano.


Tudo aquilo que é abjeto
e que ocorre justamente
em razão de uma atmosfera
suja, sombria e alienante torna
a alma tosca.

Quando a passagem de luz
é expressamente negada,
o tempo em retalho ver
o distanciamento dos instantes
apesar da coisificação do homem.

Isolado e reduzido, o homem se recusa 
conhecer sua própria natureza,
onde o compasso dos instantes 
se entrecruzando ao infinito inicia um novo 
começo.

José Lima Dias Júnior — 31.12.2014

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Entre gestos e palavras

Imagem: Saeed Arabzadeh, fotógrafo iraniano.


Quando exorcizarem
as enfermidades da vida e da morte
traçando os contornos dos gestos e das palavras
[que vivem numa solidão absoluta]
eis que surge o ruído do silêncio para descolorir
a solidez da rotina, embora as manhãs não permaneçam
estáveis em si mesmas quando havia um gesto de cansaço
e abatimento.

José Lima Dias Júnior — 30.12.2014

Raiar do dia

Imagem: Web/Google


Quando o pensamento se faz palavra
e o tempo se apresenta no ritmo das estações
eis que a primeira claridade rubra do dia surge
nas alturas do firmamento, onde se esvai numa
corrida louca pelo horizonte.

José Lima Dias Júnior — 29.12.2014

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Em meio à solidão do cárcere

Imagem: Saeed Mosallat, fotógrafo turco.


Tal qual o pássaro engaiolado
o homem não se sente livre
quando a opressão é contínua
e a liberdade não sentida.

Voando de um extremo a outro da gaiola
o pássaro esquadrinha seu mundo.
Encarcerado o homem precisa
aclarar o espaço sombrio,
posto que há um vão
[entre a detenção e a liberdade]
periodicamente renovado para não perecer.

José Lima Dias Júnior — 29.12.2014

domingo, 28 de dezembro de 2014

Para além destas ruínas

Imagem: Saeed Al Amir, fotógrafo árabe-emiradense.


Concentricamente dispostas, as luzes
circulam sempre em linha reta. 
Navegando velozes talham as manhãs 
desalinhadas, habilmente esculpidas e inclinadas.

A chuva fazendo sulcos na terra deixa à mostra
o desenho gravado na greda
onde a complacência do tempo pressente
o ímpeto das pedras em silêncio abraçando seu fim.

José Lima Dias Júnior — 28.12.2014

sábado, 27 de dezembro de 2014

O tempo lá fora

Imagem: Saeed Dhahi, fotógrafo baremês.

Como a linha tênue que desenha a concha,
o tempo encerra e libera mesmo que o homem
decaído e limitado se aprisione aqui ou ali.

José Lima Dias Júnior — 27.12.2014

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Sob a luz da manhã

Imagem: Jose Beut, fotógrafo espanhol.


Ocultar o que encobre a superfície dos instantes
é negar a textura demasiadamente visível que há em nós,
cuja fé talhando a alma em desassossego
faz espargir sobre a palidez da manhã
a luz que servirá para dissipar as trevas.

José Lima Dias Júnior — 26.12.2014

Uma imagem definidamente visível

Imagem: Marc Apers, fotógrafo belga.


E o homem, debulhado em pranto
olha o vazio que lhe cobre a face
e ver o falso moralismo não cessar.

No vértice das arestas cortantes há
um vão triste e desalentado, frágil
e decrépito definindo seu percurso.

José Lima Dias Júnior — 26.12.2014

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Por linhas abstratas

Imagem: Wassily Kandinsky, pintor russo.


Atravessar as linhas assimétricas
que os passos desolados escolheram
não é negligenciar toda a atmosfera sagrada
que há nas cores e luzes depositadas sobre a tela.

Olhar o instante é se prolongar para frente, indo mais adiante
ainda que consiste em conduzir o homem a revivificar
a existência antes que a morte acenda suas luzes.

José Lima Dias Júnior — 25.12.2014

No interior de si mesmo

Imagem: Marc Apers, fotógrafo belga.


Quando as nuvens se entrecruzam
e se comunicam em movimento
encontram-se eminentemente contidas no infinito,
onde o homem imóvel na distância de si mesmo
continua a existir indefinidamente.

José Lima Dias Júnior — 25.12.2014

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Silente olhar

Imagem: Nicolas Marino, fotógrafo argentino.


Lá onde, as quimeras me consolam
encontro um espaço de acolhimento
ainda que o acesso a elas seja utópico.

Dessecar as palavras estancando o silêncio
é compreender os instantes que se agitam
quando vejo o tempo à beira da angústia.

José Lima Dias Júnior — 23.12.2014

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Sobre a mesa

Imagem: Mehran Moradi, fotógrafo iraniano.


Sob a luz de um sol de vidro,
os fragmentos do tempo faz
cintilar sobre a superfície da mesa
restos de silêncios que sobrou do jantar.

José Lima Dias Júnior — 23.12.2014

Na profusão do Ser

Imgem: Pip Spicer Photogrphy


Seus pensamentos se agitam como loucos
nascem das superfícies ordenadas e dos planos
que sustentam a profusão dos seres.
Sua singularidade não se esconde na profundeza
de algum ser estranho,
mas se afasta cautelosamente das arestas cortantes
para preencher todo o espaço vazio que separa os seres
uns dos outros.

É na estreita distância que nos separa que transgride
toda a nossa imaginação, mesmo que os encontros sejam insólitos.

José Lima Dias Júnior — 23.12.2014

Sob as vestes do eu

Imagem: Nico Ouburgo, fotógrafo holandês.


Quando o tempo aponta em direção
a outro modo de ver a existência
penso que partir não é o fim.

Nada mais é do que o movimento
de abrir e fechar a porta, mesmo que
recolhido em si mesmo sob as vestes da solidão,
[onde toda tristeza se expande num sentido amargo]
teremos que executarmos tal movimento.

O tempo parece se repetir ao infinito
quando guarda em si mesmo a luz da manhã
onde o pássaro beijando o poente atinge o vazio
se materializando e tomando parte nesse itinerário.

José Lima Dias Júnior — 22.12.2014

domingo, 21 de dezembro de 2014

Quando o silêncio rompia os ares

Imagem: Nico Ouburg, fotógrafo holandês.


Empreender o caminho
voltando para si mesmo
é compreender tantos eus
que se abrem mais contrastantes,
adversativos.

Rompendo a si mesmo,
os homens estendem-se pelo infinito,
como se perpetuassem a si próprio,
embora estejam ali subentendidos.

José Lima Dias Júnior — 21.12.2014

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Diante do tempo

Imagem: Nicolas Marino, fotógrafo argentino.


Quando o tempo
atinge todas as coisas
a transformação parece necessária
para forjar o movimento dos instantes
[milimetricamente compartimentados]
mesmo que pertencendo a órbitas diferentes e distantes
e ocupando o mesmo espaço não faz morrer os tons de cinzas
quando as manhãs livre das sombras do real se impõe
silenciosamente e avista a partir de um espaço interior
o tempo solitário arrefecer ao se irmanar com o aceno
de resignação que há no grito humano.

José Lima Dias Júnior — 19.12.2014

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Perscrutando o horizonte

Imagem: Carlo Ferrara, fotógrafo italiano.


O que antes era uma atmosfera anímica
agora confere uma qualidade singular
quando as manhãs se lançam à livre aventura
de recriar um novo mundo
a partir da nossa imaginação subjetiva,
sempre evocando de sonhos vividos
uma forma de exorcizar os conflitos da realidade
[que encontraremos no percurso]
ainda que o horizonte seja uma angústia que nos afete.

José Lima Dias Júnior — 18.12.2014

Nada escapa ao açoite do tempo

Imagem: Victoria Ivanova, fotógrafa russa.


Quando a rigidez das formas
se instaura de modo esmagadora,
as manhãs parece não adquirir existência entre nós,
mesmo não havendo uma atmosfera de orfandade
após a morte da fé.

Permanentemente ligado à noite,
o dia conhece todos os caminhos da luz quando
guarda certa ideia de movimento contido em seu formato,
mesmo que o tempo descolorido traga remendos em seu vestuário.

José Lima Dias Júnior — 17.12.2014

Insânia

Imagem: Lee Jeffries, fotógrafo inglês.


O homem é o louco de si mesmo
É o eu idealizado
É o que somos
É o que vamos ser
É o medo de não conseguir existir
É a dor antes do amanhecer.

Procurando na palavra um pressuposto
olha o devir e ver o presente ancorado
no passado.

José Lima Dias Júnior — 15.12.2014

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Para além do fim

Imagem: Foad Mirzaie, fotógrafo iraniano.


Elucidar as linhas que seguem
sempre direcionadas para o fim
[mesmo que a luz se espraia e não
chegue até nós]
nos faz visceralmente mais humano.

José Lima Dias Júnior — 15.12.2014

Da subjetividade humana

Imagem: Foad Mirzaie, fotógrafo iraniano.


Quando os olhos da subjetividade humana olham
em direção das coisas não ocorre, somente,
uma busca incessante para preencher o tempo,
mas um sentido de existir por meio da compreensão do real
mesmo que em silêncio nos projetemos para fora de si
e que em seus diferentes modos de ser o homem alcance
sua humanidade.

José Lima Dias Júnior — 15.12.2014

domingo, 14 de dezembro de 2014

Voz do silêncio

Imagem: Sasa Krusnik, fotógrafa eslovena.


Quando as manhãs se recolhem em clausura
procurando renovar o mundo dos homens,
eis que o caráter inaudito do tempo parece
desocultar o que está oculto.

É o momento em que a existência rejubila;
o momento em que se insere numa via de mão dupla
sem que seja preciso que o homem se coloque
como o centro de tudo.

José Lima Dias Júnior — 14.12.2014

Das coisas cotidianas

Imagem: Giuseppe Grimaldi, fotógrafo italiano.


Quando um tempo indiferente
moldou os vales, os entes e os cristais
uma luz subjacente se alimentou do pão adormecido
para evocar do silêncio o nada ou aquilo que se afasta do ser.

José Lima Dias Júnior — 13.12.2014

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Do olhar sempiterno de uma criança

Imagem: Amir Hossein Kamali, fotógrafo iraniano.


Mesmo que a insensatez caia
em sentido vertical
a claridade das manhãs proporcionará
em movimento acelerado e sempiterno
um novo recomeço
onde haverá de surgir como luzes,
embora simples, ordinárias e comuns,
abrandando o que estar por trás do avesso do véu,
independentemente da cor, do tamanho e da rugosidade.

José Lima Dias Júnior — 12.12.2014

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Tempo amigo

Imagem: Mehran Moradi, fotógrafo iraniano.


O alinhave dos instantes estarão firmemente atados
quando o encontro entre o ente e o tempo for capaz
de conjugar os traçados subjetivos e objetivos do Ser
mesmo que encontremos no silêncio a última reserva
de afetividade.

Há na rugosidade do tempo uma vibração de eus
revestida por um coeficiente moral que não foge ao humano
quando se tem um caminho a ser percorrido
mesmo que tenhamos que escavar a palavra na areia.

José Lima Dias Júnior — 11.12.2014

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A manhã de uma existência

Imagem: Mohammed Beqer, fotógrafo saudita.


Mesma que a manhã esteja reduzida
gradativamente ela tangenciará outras manhãs,
tal qual o caminho encontrando a luz,
no que concerne ao tempo e ao espaço.
Embora velada, escondida
é imprescindível olhar para vê-la.

No poente, a esperança parece tocar o céu.

José Lima Dias Júnior — 10.12.2014

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Muito se tem dito sobre as coisas

Imagem: Namik Toprakci, fotógrafo truco.


Descrever as coisas quando elas não podem ser lidas
é como olhar a chuva que cai e percorre caminhos diversos
como um meteoro em queda tal qual a forma esférica,
alojado na órbita craniana dos vertebrados.

Da janela a esperança, que vejo, corre horizontalmente
ao passo que na face das águas escoa perceptíveis ondulações
que atingindo os filetes verticais preenchem o vazio que há na alma.

José Lima Dias Júnior — 08.12.2014

Quando o tempo me remete a infância

Imagem: István Kerekes, fotógrafo húngaro.


O silêncio amorfo do tempo me remete a infância
quando se constrói com base em tantos recortes.
Por vezes, decorre da obscuridade
que não se concretiza com o que estar dentro de si
mas que não se apaga quando se ilumina
como a materialidade daquilo que é significante
como o sopro salino que vem do mar.

José Lima Dias Júnior — 08.12.2014

sábado, 6 de dezembro de 2014

Das coisas externas

Imagem: István kerekes, fotógrafo húngaro.


No sentido de alguém que se lança
sem esfacelar a concretude do outro
fiz morada em suas reentrâncias
antes que linhas, círculos e formas
ocupem um espaço
onde luz e sombra se contém e se cruzam
como se ecoassem na sua própria força,
pois ela mostra em que medida sujeito e objeto
dizem um ao outro.

José Lima Dias Júnior — 06.12.2014

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Diálogo de silêncios

Imagem: Colmar Wocke, fotógrafo suíço.


O sol acordando em pleno alvorecer
desafia um tempo soberbo
mesmo que sobrevenha qualquer coisa
agressiva e demolidora.

José Lima Dias Júnior — 05.12.2014

Resto de infância

Imagem: Bara Kenz, fotógrafo indonésio.


Quando o silêncio diluiu-se na distância
e os instantes se harmonizaram aos pares
um grito inominável ecoava como uma lembrança pueril
que cedo começa a tecer a manhã,
mesmo que rapidamente o tempo escureça e ilumine o dia.

José Lima Dias Júnior — 05.12.2014

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Fluxo de tempo

Imagem: Amir Hossein Kamali, fotógrafo iraniano.


Desembocar num fluxo de tempo
enfeixando os instantes
é traduzir os olhares ávidos abraçando a multidão.

É imprescindível semearmos na mocidade
para colhermos na velhice o tempo que nos resta.
Quem não deitar boas sementes sobre os sedimentos da alma
não terá abundante colheita.

José Lima Dias Júnior — 02.12.2014

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Outro horizonte

Imagem: Agust Syahrivana, fotógrafo indonésio.


Se o tempo não pode simplesmente
afagar os defeitos dos instantes
é preciso de unguente para as feridas
que definham as manhãs.

Pelo óbvio motivo de não saber senti-las
é que observei a face poliédrica do tempo
quando vi os instantes acenarem para a cotidianidade,
difusa e anacrônica, que faz entrever outro horizonte,
cada vez mais cônscio de sua fragmentação.

José Lima Dias Júnior — 01.12.2014