Giotto di Bondone (1267-1337), pintor e arquiteto renascentista italiano. |
Nas férteis planícies vi florescer uma fé idólatra
e primitiva, que celebrava e exaltava a figura divina em composições segundo
ritmos circulares, isto é, a celebração da vida em torno da divindade. Essa
concepção simbólica arcaica estende-se até aos tempos modernos seguindo muitas
das regras fundamentais da visão ocidental tão desconhecida ou negada pelo
homem contemporâneo. Por isso de qualquer modo tem favorecido seu afastamento da realidade da
vida. As vagas sinuosas da paisagem introduz um elemento primário que assume
uma autonomia própria, libertando-se da submissão ao mundo sobre-humano. Vidas
humanas imersas na suave neblina destacam-se dos mais variados efeitos
atmosféricos e tonais que sugere uma poética infinidade da alma. Algo
extremamente leve como o fruto da mais delicada poesia, diluída e espalhada
pela tez das manhãs, adormecida nas névoas da noite. Bastante escassa esculpi
em madeira a luz matinal, onde os viajantes parando para repousar abandonaram a maior parte das figurações
religiosas, enquanto um grande painel revela a anunciação de um anjo decaído,
com uma clara alusão mística, sem obedecer as ordens monásticas traz consigo o
fulgor que conduz o espírito a presença de Deus. Torna-se evidente a inflexão
humana, fortemente dramática, que se desenvolve em paralelo com a grandeza
solitária das figuras humanizadas, todavia penetrante, na palidez violeta das
santas mulheres que choram o Cristo na Lamentação.
Por José Lima Dias Júnior
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