sábado, 28 de abril de 2012

Delírio



À noite em delírio,
É atraída pelos espetáculos no céu,
Tudo se confunde na incandescência da luz,
Do fogo que rompe da água,
Do sereno que cai sobre as manhãs,
Para se libertar dentro de si,
Todas as formas ardentes que nos atingem,
As quais pesam a loucura e a angústia de uma época.
Um homem que corre em direção à morte,
Atormentado pela passagem dos dias,
Num espaço profundo e agitado,
Que se integra na paisagem episódios trágicos,
Da vida romota da cidade,
Onde se contrapõem a melancolia da vida humana.


José Lima Dias Júnior

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A fome



Sou filho do mesmo barro,
Que escorre do barranco,
As crianças vitimadas pela fome,
Não rir, nem choram,
Não tem forças para viver.
Sem esperança... Morrem.


José Lima Dias Júnior

Labirinto textual

 

Refletido no espelho, eu,
Dobro e redobro meu eu infinito,
Multiplicando-se na síntese poética,
Busco a significação do outro eu,
Entre o limite e o abismo,
Das palavras produtoras de sentidos,
Propagado nos reflexos,
Símbolos acenam para algum lugar,
Construído de fragmentos paródicos,
Um abismo mítico, abissal.


José Lima Dias Júnior

No teu universo...



Conhecer o absoluto,
Desse universo sim fim,
Se existem outros, além de nós,
Onde seus limites nos alcança,
Que no cair do dia,
Pode sentir da noite o silêncio,
No abre e fecha das janelas,
Para comtemplar a escuridão,
A Via Láctea mais próxima,
Nos abre para a luz do céu,
Mas, o inacessível me contém.


José Lima Dias Júnior

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A heterogeneidade da cotidianidade


A vida cotidiana,
 Absorve-me preponderantemente.
Essa cotidianidade (in) substancial
É a vida de todo homem, de todos nós.


A vida cotidiana não é um corpo vazio,
Nela encontra-se os nossos sentidos,
Comportamentos, os preconceitos ultrageneralizados,
Nossas capacidades intelectuais, o nosso trabalho físico ou mental,
As inversões de valores, os sentimentos, paixões, ideias e ideologias...


A vida cotidiana é heterogênea, é plural.
Apesar de não ser eterna e imutável, é hierárquica.
Essa hierarquização da cotidianidade se modifica mediante,
As diferentes estruturas sociais e econômicas que possuímos.
É, o que diferencia as camadas sociais: burguesia versus proletariado.


A organização do  trabalho regula e constitui toda vida cotidiana,
Sobre a qual estão subordinadas todas as demais formas de atividades.
A vida cotidiana não está fora da nossa historicidade, uma vez que
a história "é a substância da sociedade e a cotidianidade é a essência dessa substância social".


Quem assimila a cotidianidade de sua época, apreende melhor o passado histórico,
embora essa assimilação possa não ser consciente.
A vida cotidiana é a alienação,
A vida cotidiana é a cotidianidade não-alienada,
A vida cotidiana é a manipulação do indivíduo,
É as opiniões alheias, o senso-comum, o empirismo...


A vida cotidiana é o dia-a-da de cada um de nós,
A vida cotidiana sou eu, as pessoas, vocês, o sujeito e o cidadão.
A vida cotidiana são os seres (in) conscientes (ir) racionais.


A vida cotidiana são as (nossas!?) angústias psíquicas, os instintos, impulsos e desejos...

Por José Lima Dias Júnior...

Exausto


No influxo dos surtos efêmeros,
advêm a vulnerabilidade, passível,
mesmo em resultados diversos
condicionada pela desagregação interna.

Que subtrai a possibilidade de sermos, um ser genêrico.
Mas, nos assegura a gratuidade de sermos vil 
diante do ignominioso regime em semelhante sociedade,
que ignora qualquer SER.




José Lima Dias Júnior

Infinito


Um passado múltiplo
se alargou até ao infinito
e continua alimentar a imaginação,
a chama, o entusiamo e a inquietação,
longamente meditadas, onde o homem
passa a interrogar os actos que o revela.


José Lima Dias Júnior

terça-feira, 24 de abril de 2012

Ecce Homo




Num passado distante e quase imensurável,
aquele homem singular nas letras, enquanto viveu,
fez num pedaço de mármore a dulcíssima expressão do seu olhar.

Gentil-homem que herdara os costumes parternos e,
crescido que foi, começou a exercitá-los.
Ecce Homo, orando voltado para o céu,
roga por todos os inocentes e mártires,
por vezes considerados divindades.


José Lima Dias Júnior

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Mosaico



Autênticas figuras, cuja mitologia
assume uma atmosfera dispersa,
onde somos transportados
a um mundo inteligível,
estando curvadas para o chão,
com grandíssimo efeito
toma proporção irreais,
como o improviso do seu tempo.


José Lima Dias Júnior

domingo, 22 de abril de 2012

Universo pictórico...



Delicado pintor de cenas populares,
conserva para a posteridade,
um mundo irônico,
pleno de amargura,
que o leva a exaltação
de imagens divinas,
muitas vezes melancólicas,
muito mais íntimo,
e contemplativo,
que introduz nas suas personagens
um severo juízo moral,
marcando profundamente
a cultura de sua época.

A admirável singularidade
e a imponência das cores,
imprime nos semblantes
e nas condutas das figuras humanas
uma fragilidade e uma tocante tristeza,
que prestes a desaparecer,
ficam ligados à mesma
concepção filosófica,
cuja à idade avançada,
defronta-se com um outro universo,
que parece afastar-se substancialmente
de uma certa frieza linear
conservadas em alucinados silêncios.


 Por José Lima Dias Júnior...

Regressar...



No regresso à pátria, vi,
a expressão de uma alma solitária,
da vida espirituosa,
do viver sem corresponder à realidade.

No gracioso preciosismo das manhãs,
alegres figuras materializam,
num movimento denso e ao mesmo tempo leve,
as condições morais e sociais do seu tempo.


José Lima Dias Júnior

sábado, 21 de abril de 2012

À noite...



Atormentada pelos dias sombrios,
à noite, inquietante, surge,
por entre o claro-escuro do teu olhar,
onde seu brilho depressa se estende a outro lugar.

Assim, desfilam diante de nós,
animados por tons intensos,
uma atmosfera quase irreal,
presa no esquecimento.


José Lima Dias Júnior.

Fugaz liberdade...



Fundada na combinação de cores,
as manhãs produz uma luminosidade,
que vai abolindo das sombras ilusões perdidas.

Criaturas movem-se por entre um horizonte sem fim,
onde homens e deuses compartilham de uma fé ingênua,
contra um céu tempestuoso de cores que desabam sobre mim.

Subvertido todos os sentidos,
o homem aparece tragicamente pertubado,
no vão de um plano inclinado de um mundo completamente variado.

Assim, irrompe o protesto solitário de um sorriso em flor,
à procura de efeitos gratuitos, não se preocupando com medos, receios e temor,
porém, livre das amarras, seja, aqui, ou aonde for.


Por José Lima Dias Júnior.

Lindas criaturas...

Dedico a Dandara, Letícia, minhas queridas sobrinhas, e em especial, a minha filha, Mariana.




Sem atingir o relevo do século precedente,
conserva intacta feições esguias de Vênus,
brincadeiras de crianças, que de algum modo
evocam as formas de um tempo passado.

Iluminadas por um fio de luz,
lindas criaturas enchem a paisagem,
semeando as manhãs com  humildade,
desabrochando seu canto em flor.

Os dias danificados pelo tempo,
não anula o retumbante efeito
das cores angélicas do teu olhar,
nem o sentido humano que parecem resgatar.

Com um sabor de alegria,
brota à luz de um sol resplandecente,
e estendem-se em nós uma amizade infinita,
exaltando o prazer de viver.


José Lima Dias Júnior

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Na linha do horizonte...



Na obsessão das formas inatingíveis,
um imenso emaranhado de imagens toscas,
inacabas e desprovidas de contornos moralmente precisos,
repousam no vácuo de um espaço não natural.

O flexível desenho destina-se a frutificar correspondências harmônicas,
fornecendo um modelo, que entre os quais deságua na linha do horizonte.
Assim, introduz um sopro de vida em todos os matizes da cotidianidade,
para atingir um sentimento adormecido e reservado do homem.

Suavemente adormecida, a imagem se expressa numa cor acentuada,
com intensos reflexos de luz, que sem renunciar a vida, sofreu uma forte transformação.
Diante dos aspectos da realidade, surgem como surpreendentes microcosmos,
mundos distintos que espalha-se em partículas contra o céu luminoso.


José Lima Dias Júnior

domingo, 15 de abril de 2012

Perspectiva



A nudez adolescente das noites,
caída no chão,
esforçar-se para redescobrir
os encantos, que o leva
do nada para lugar algum.

A intensidade dos dias,
rasgam o horizonte da manhã,
tingidas por  horas de dor e sofrimento.
Os traçados reguladores, atiçam
as primeiras chamas de lirismo,
que replandece de modo admirável
entre as cores das manhãs.


José Lima Dias Júnior

Dogmatismo dos dias...



O repouso das águas,
a imoblidade dos gestos,
fixados para sempre
acentuam o dogmatismo dos dias.


José Lima Dias Júnior

Manhãs...

 

O vigor e a tonalidade das manhãs,
não tardam a desaparecer,
frente à austeridade
e à tensa grandiosidade dos dias.


José Lima Dias Júnior

Nosso tempo



A paisagem e à natureza-morta,
vão nos aproximando do presente.
Não restam dúvidas de que
as origens do nosso tempo
são feita de rupturas sucessivas,
de contornos nítidos e tons sombrios,
que ainda, hoje, subsiste.


José Lima Dias Júnior

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Regras estabelecidas...



Os dias exprimem-se em formas,
gestos, palavras e atitudes,
por regras estabelecidas,
onde num desenho fluente,
com deslumbrantes jorros de luz
as manhãs se tornam cada vez mais
mórbibas na representação do ambiente natural.


José Lima Dias Júnior

Expressão da própria alma...



Observando com uma lente,
aspectos da humanidade,
que absorve e amortece a luz da manhã,
sem contudo renunciar à expressão da própria alma,
sigo, completamente anulado pela atmosfera dos dias.

De modo significativo,
acentua-se as hesitações e
os angustiosos dramas interiores,
ilustrando a história da humanidade
desde a Crição ao Dilúvio Universal.

Mas, o homem se opõe
à plena liberdade do espírito,
onde num gesto inexorável
rompe com um Cristo fraterno
para poder viver em completa solidão.

Das cores fluidas e agitadas
que escorre do seu próprio rosto,
se vê absorto, ao fundo, suaves figuras
que parece anunciar a tez das manhãs.



José Lima Dias Júnior

Ordem moral...



Em que ordem moral,
um ídolo divino,
revela-se na cena idealizada
e reunida na obra do artista.

Numa harmoniosa fusão
das figuras com a paisagem,
os grandes filósofos do passado
aparecem com as caras de deuses contemporâneos.

Na requintada delicadeza dos contornos,
um desenho perfeito exprime,
o encanto abstrato das imagens,
onde o passado está adensado nas sombras do tempo.


José Lima Dias Júnior

quinta-feira, 12 de abril de 2012

O mistério do intelecto humano...


 
Na multiplicidade das formas,
nas diversas direções,
nas distâncias,
na experimentação dos aspectos morais,
lá onde as figuras se articulam no espaço,
aberta sobre a paisagem,
um enigmático silêncio de um sorriso esboçado,
seguindo a harmoniosa curva dos rios,
que num toque sublime das mãos,
ultrapassa mundos inatingíveis
enquadrado na moldura do tempo.


José Lima Dias Júnior

No romper da aurora...



Enquanto a luz lhe aflora delicadamente,
as formas tornam-se quase irreais,
refletidas em tons frios e lisos
que rompem o espaço.

Neste esboço de claridade,
onde o próprio ar parace visível,
florece com um movimento espontâneo a alma humana.


José Lima Dias Júnior

Imagem abstrata



Num hemisfério côncavo
de paredes retilíneas,
arqueando as hastes por dentro,
o homem interroga-se,
sobre as razões que o tinha levado a fazê-lo.

Uma vez construído,
segue os mesmos velhos hábitos,
seja numa mesa de conferência, num parlamento ou num plano inclinado.

Numa estrutra social hierarquizada
e desenvolvida através dos séculos,
continuaremos bárbaros até sermos considerados civilizados.


José Lima Dias Júnior

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Nos jardins das manhãs...



Desde o princípio,
sua psicopatia,
funda-se numa exaltação
de ritmos lineares,
onde nobres damas
aparecem sob a veste
de um mundo em abandono.

De imaculada pureza,
criaturas débeis movem-se
dançando nos jardins das manhãs,
que se exprimem no timbre
cristalino de uma cor brilhante e ideal.

Vocábulos cristalizados se desprendem
das paredes luminosas dos dias,
que repousando em grandiosos retábulos,
oferecem uma contínua capacidade de se renovar.

Por entre pórticos sombrios e  terraços soalheiros,
ultrapassando os limites da realidade,
movem-se com naturalidade nos espaços definidos pela perspectiva
rostos e imagens escondidos da vida de todos os dias.

Dotado de uma extraordinária força criadora,
enfrenta a realidade da natureza que desfila diante de nós.
Personagens terrenas que assistem ao milagre,
extasiada pela espiritualidade das figuras divinas,
aparecem em desconcertante contraste
com a loucura e a realidade.


José Lima Dias Júnior

domingo, 8 de abril de 2012

Desejo...



Força poética,
que adormecida em sonho
beatifique e revolucione a vida.

Renova-me para o futuro,
inventa-nos, colocando-nos no centro dos interesses divinos.
Me enche inteiramente de uma cultura nova,
que permita-me um melhor conhecimento da realidade.

Exprime em palavras a capacidade de conhecer e de criar do homem,
escavando em profundidade a alma e fazemdo renascer a esperança.

Não torna evidente o sofrimento da humanidade,
observa a angústia humana nos rostos da geração presente.
Como uma roda sobre seu próprio eixo,
já sublinhada pelo círculo dos dias,
os seres humanos obedecem com atenção
a boa nova anunciada por anjos decaídos.

Sob límpidos céus,
querubins entoam
coros angélicos e músicas celestiais,
fundando na fé o destino dos  mortais.


José Lima Dias Júnior.

Assimétrico...



Florido jardim,
que a difusa luminosidade dos dias
se estende até o infinito.

Irradiando
ao longo
das linhas divergentes,
cores e formas avançan
por invisíveis fios,
tecendo a trama das manhãs.

Num sinuoso movimento vegetal,
flui um linha que corre ligeira e cria imagens toscas,
de delicados versos que conservam o perfume ingénuo da noite.


José Lima Dias Júnior

Enlevo poético

A natureza reaparece
sobre fundos oblíquos,
delineada dentro de
contornos dinâmicos,
onde os anjos voam
ao lado da figura
contorcida de dor.

Pela extensão de seu domínio,
desenvolveu-se uma grandiosa civilização
de aspecto humano e de tênue abstração.

Uma fé idólatra,
celebra e exalta a figura divina,
a vida dos homens,
que ilustram a arte figurativa,
além dos episódios religiosos.

 As manhãs com variados efeitos,
acenam diarimente para a melancolia.
Leve, diluída e pálida a vida quotidiana,
sugere da infinidade do espírito uma poética ideia.

Adormecidos na obscuridade da noite,
envoltos numa clâmide dourada,
imersos numa luz astral,
que, felizmente em vão,
as imagens divinas,
produziram um corte profundo
no relevo em madeira, onde as santas mulheres
choram os lamentos dos homens.


Por José Lima Dias Júnior.








sábado, 7 de abril de 2012

Cândidas figuras...



O silêncio frio
da imagem na cruz,
o rosto vivo e prometedor do salvador
faz esperança no coração dos desvalidos.

Com a face erguida para o alto,
suplica por um pedido insistente e humilde.
De modo perfeitamente simétrico,
os dias se entrecruzam,
mantidos em registos densos e vibrantes,
que negam a condição humana.

Voando livremente entre
as frondes da natureza verdejante,
cândidas figuras transporta
à atmosfera ingênua da fé primitiva.


Por José Lima Dias Júnior...

Além do olhar...



Naturezas-mortas,
prolongavam-se para além do olhar.
Cenas da vida popular,
em tons caricaturais,
sugerindo uma visão de perspectiva profunda
transformam o ambiente.

Cidades enterradas,
ilustram à atividade prática
dos donos do lugar.
De plasticidade compacta,
figuras solenes movem-se com lentidão
dentro do espaço limitado de olhares inertes.


Por José Lima Dias Júnior...

Sentimento etéreo



Uma substancial unidade de espírito,
enquadrado por uma moldura me leva até você.
Uma concepção de poder quisera submeter-me a reis divinizados,
ergueram os templos, descobriram a monumentalidade
e a grandiosidade das forma arquitetônicas.

De intuição realística e extraordinária capacidade verista,
sigo na busca quase sobre-humana de um traço uniforme,
de leveza etérea modelado pela mendicância dos dias.

De braços estendidos,
recolhe debaixo do peji, em cores vivas,
uma imagem de inocente felicidade,
que produz efeitos ilusórios.


Por José Lima Dias Júnior...

Devaneio...



Alguns fragmentos do século passado,
alcançaram minh'alma,
inclinaram-se na sombra
de um jardim imaginário,
de transparentes otás azuis.

Como que levado por uma brisa de Primavera,
avança flexível e majestoso.
Saltando sobre o dorso do animal,
acrobatas micênicos adornam monumentos admiráveis,
que evoca das águas do Mar Egeu a nova civilização.


Por José Lima Dias Júnior...

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Os peregrinos de Luzia...

Ela convoca a seu redor todos os desvalidos, que manifestam suas penitências. Eis a imagem sobrecarregada de sentidos, onde todos, que ali estão, são obrigados a entregar-se. Aos poucos, tornam-se silenciosos, deixam de falar e a peregrinação toma seu lugar ao redor da cruz, formando o quadro fantástico da obstinação das figuras simbólicas, dos corpos torturados pela fé.




Homens e  mulheres cujos valores se entorpecem por serem demasiados acentuados pela loucura, pela solidão e pelas privações. Ao longo do cortejo, mãos inquietas acenam para a imagem simbólica que fascina o olhar dos fiéis, premanecendo-os prisioneiros de uma espécie de exaltação religiosa, a prosseguirem, indefinidamente, habitado num silêncio inquietante que os cercam.

Por entre as criaturas aflitas, os homens de Cristo vendem ilusões e esperanças aos que têm sede de consolo, de ajuda. Porém, "o pecador aparece com sua nudez hedionda" e roga ao sagrado o perdão pelos pecados seus. Incrédulos que se tornam prisioneiros de si mesmo, e que "aceita o erro como verdade" e "a mentira como sendo a realidade". 

Alguns espaços arquitetônico-culturais evocados são dotados de função simbólicas, pois, parecem possuir uma funcionalidade real.


Paradoxalmete, homens e mulheres lutam entre si, combatem-se em  nome da fé, onde os fios da trama se entrecruzam e "se identificam com a catástrofe dos mundos". Enquanto, o silêncio da imagem contempla o desassossego dos homens, figuras inquietantes  são ofuscados pelo brilho fugaz da santa imagem que os eternizam em suas noites oníricas.

O sagrado organiza e desorganiza a conduta humana. Pode ser que grande parte da humanidade esteja submetida as religiões, crenças e seitas, onde nossa vida diária será sempre mesquinha, pois elas não revelam o caráter emancipativo da consciência crítica do homem. Por essa razão, os ritos litúrgicos e sagrados que caem sobre nossas cabeças nos aprisionam.

Desde o nascimento somos imersos no mundo sagrado a começar pelo batismo, uma vez que nossa sociedade foi moldada pelo modelo judaico-cristão. Assim, a interiorização das coisas divinas como os hábitos, os objetos de culto, as tradições, os mitos, a liturgia, etc., nos distancia cada vez da complexa compreensão do mundo.

O dogmatismo cristão nos impõe prazeres e desejos. A laicidade não impede o destino da vida humana. Assim, o homem não é uma ficção necessária. O espírito se torna livre quando tiver liberdade de consciência, quando não for influenciado pelas religiões que impede a direção das pessoas, mas que corrompem e infeccionam o espírito das criaturas aflitas com seus discursos e práticas.

Por José Lima Dias Júnior

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Natureza abstracta



Nas paragens toscas e empobrecidas
pela degradação do cotidiano,
deprime e exaura a natureza humana.

Ligados à mesma rotina,
seres amorfos e imóveis,
se tornam infecundos.

O meu corpo,
que arrebata a tua presença,
repousa em pensamentos
que prende e laça o desejo de tê-la.

No espaço claro do céu,
por entre nuvens,
vejo os meninos brincando ao redor do mundo.

 Por José Lima Dias Júnior...

Descobertas...



No seu mundo físico,
representativo e abstrato,
sigo a caminhar
ao longo daquela via,
onde o pó de ocre
define o acto da pintura
e a transposição de imagens infinitas da realidade.

Delineando a vida em contornos
e atribuindo-lhes significados mágicos,
coloco-me perante a natureza para colher
os seus aspectos transfigurados,
até negar totalmente a parte viva da existência.




Assim, vou esculpindo os dias
com um sílex afiado,
que assinala no fim da noite
a figuração existente dos homens.

Uma tensão premente,
captada em movimentos,
colhe da noite o néctar das manhãs.
Alternando com os outros animais,
o homem anula todo o sentido da transcendência.



José Lima Dias Júnior