Imagem: Web/Google |
Recordo-me da infância, do silêncio
das pedras, do rastro do tempo em forma de passos (mesmo mal das pernas), que sentado
na esquina olhava para o Atlântico. Instantes meus que não se cristalizaram e
nem perderam sua função didática de conta o tempo pueril e nem a capacidade de
renovarem-se pela palavra dos cantadores de feira. Não há como deixar de
considerar o canto dos passarinhos que perseguindo a linha do horizonte
demarcava quais veredas deveria atravessar. Tais vertentes, produzida
artificialmente, desagregaram-se em face da palidez das manhãs, mas reacende em
mim o prazer de sonhar. Cresci as margens do silêncio, pois as
gotas de água que me restavam repousavam no fundo do cantil, ladeando as bordas
do devir, sem se recusar a receber mais água. O tempo, curioso e solícito, vai
dando forma a esperança mesmo sem saber das minhas promessas.
José Lima Dias Júnior — 15.01.2015
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