quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Recordando

Imagem: Web/Google


Recordo-me da infância, do silêncio das pedras, do rastro do tempo em forma de passos (mesmo mal das pernas), que sentado na esquina olhava para o Atlântico. Instantes meus que não se cristalizaram e nem perderam sua função didática de conta o tempo pueril e nem a capacidade de renovarem-se pela palavra dos cantadores de feira. Não há como deixar de considerar o canto dos passarinhos que perseguindo a linha do horizonte demarcava quais veredas deveria atravessar. Tais vertentes, produzida artificialmente, desagregaram-se em face da palidez das manhãs, mas reacende em mim o prazer de sonhar. Cresci as margens do silêncio, pois as gotas de água que me restavam repousavam no fundo do cantil, ladeando as bordas do devir, sem se recusar a receber mais água. O tempo, curioso e solícito, vai dando forma a esperança mesmo sem saber das minhas promessas.


José Lima Dias Júnior — 15.01.2015

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