sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

No espaço físico da cidade

Imagem: Antonio Grambone, fotógrafo italiano.


Sentir o passado se fazendo presente
É o que me mantém sempre vivo e em movimento
É regar a rosa de pedra curvando-se diante de si
É compreender a dissonância amorfa dos instantes empoeirados
É colorir a tessitura poética das horas cálidas anunciando o porvir
É cruzar a cidade explorando a realidade exposta nas ruas
Sem prenunciar o princípio do fim.

José Lima Dias Júnior — 29.01.2015

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Confluência de acasos

 
Imagem: Jose Beut, fotógrafo espanhol.

Como num ato sublime
a palavra morre e renasce, a cada dia,
para preencher em nós o universo poético
que há na combinação de luzes e aromas,
mesmo que na confluência entre tempo e espaço
nossa subjetividade não reconheça a coexistência
de formas verbais.

José Lima Dias Júnior – 29.01.2015

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Silencioso

Imagem: Alessandro Bergamini, fotógrafo italiano.


O silêncio é mais do que
as palavras pronunciam.
É o lugar vazio do eu.
É o som dos vocábulos impossíveis.
É uma ideia com ou sem progresso.
Mas é no silêncio que a vida se inventa,
no interior do espaço fechado,
na rude repartição do tempo.
Silente é a linguagem de um espaço cerrado
mesmo que a fala em segredo escape ardilosa
pelo vão de si mesma.

José Lima Dias Júnior — 28.01.2015

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Cactácea

Imagem: Web/Google


Embora cálido,
o cacto transpõe
a aridez em sobressalto.
Seu caule verde suculento perene
é engrossado por uma ampla reserva de água
onde os espinhos longos e afiados estão
reunidos em um ponto silente e deprimido.

José Lima Dias Júnior — 27.01.2015

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Num só movimento

Imagem: Sebastian Luczywo, fotógrafo polonês.


Tantas escolhas
diversas e irrefletidas
mas os homens, ligados
uns aos outros são incapazes
de restaurar os reencontros perdidos
e de percorrer os caminhos possíveis.

José Lima Dias Júnior — 26.01.2015

domingo, 25 de janeiro de 2015

Num dado instante

Imagem: Jef Van den Houte, fotógrafo belga.


Num entrecruzamento de luzes um traço contínuo não preenche as lacunas deixadas pela obscuridade, mas se desdobra e se reflete numa outra perspectiva onde a linha tênue tecida na trama liga silenciosamente os fios à teia. Definir o tempo por seu caráter arbitrário não é tarefa da existência, mas o sentido da vida só pertence ao entendimento de cada um e que somente a reflexão pode nos fazer perceber o significado de algo.

José Lima Dias Júnior — 25.01.2015

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Intrépida

Imagem: Web/Google


Intrépida é a folha
que não temendo o vento
(em movimento natural)
repousa no chão
a face laminar de um olhar metafísico
onde as marcas deixadas pelas intempéries
não desvendam seus segredos, mas jazem
silentes no limbo foliar.

José Lima Dias Júnior — 23.01.2015

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Em meio à solidão da rua

Imagem: Luís Godinho, fotógrafo português.


A solidão é um desnível inevitável
que armazenando resíduo e opacidade faz
a alma mergulhar em profunda melancolia,
onde o cotidiano só tem por conteúdo
o nada que lhe representa.
E a palavra sempre se representando
no interior da ideia
vai percorrendo, em toda sua extensão,
uma acre tristeza.

José Lima Dias Júnior — 22.01.2015

Areia, berço de “Mestre Alípio”

Imagem: Areia, brejo paraibano - Web/Google


A saudade é uma superfície
inteiramente aberta.
É uma distância
que não anula o tempo,
mas transforma a ausência em
lembrança.

José Lima Dias Júnior — 22.01.2015

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Exprimindo uma ideia

Imagem: Asaf Amran, fotógrafo israelense.


Gritos espontâneos,
[mas não análogos]
tateando um espaço interior
desvendam teus segredos,
mesmo se permanecessem silenciosos.

Entre o certo e o provável há liames
sólidos e ocultos no voo dos homens,
onde as palavras significando uma ideia
são quase metafísicas.

José Lima Dias Júnior — 21.01.2015

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Ensimesmar-se

Imagem: Carlo Longarini, fotógrafo italiano.


Tão difícil é enunciar a soberania do tempo
mesmo que tenhamos que adentrar
o subterrâneo das coisas.
Das indiferenças nomeadas,
as palavras cintilando cotidianamente preenchem
o espaço vazio de si mesmo
para acolher as descontinuidades 
tão evidentes e obscuras diante dos olhos.

José Lima Dias Júnior — 20.01.2015

domingo, 18 de janeiro de 2015

Tempo imaginário

Imagem: Luc Vangindertael, fotógrafo belga.


Entre os limites efetivos do corpo
existe um domínio perfeitamente cerrado
que fechado em si mesmo não ajusta
a infinita riqueza da alma.

Refletido no espelho permanecerá vocábulo mudo,
adormecido no tempo, onde os instantes escondem
e manifestam seu enigma, já que as circunstâncias
se propõem aos entes como realidades a decifrar,
arrastando consigo na sua finitude.

José Lima Dias Júnior — 18.01.2015

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Da claridade acinzentada

Imagem: Alamsyah Rauf, fotógrafo indonésio.


Quando os dias penitentes resistem
à angústia que há no vão das coisas
eis que a luz, cansativa e árida,
exibe orgulhosa sua luminosidade,
sobre a qual revela a claridade acinzentada
das manhãs.

Em silêncio o tempo meio puído sopra o hálito da incerteza
onde a solidão parece morrer saturada de velhice,
ainda que, meus pés pisem um caminho insólito e o homem
centrado na ordem simbólica que o criou acena para o porvir.

Enquanto os dias iam se sucedendo vertiginosamente
o tempo continuou sua marcha promovendo a travessia
dos instantes que irão chegar.

José Lima Dias Júnior — 16.01.2015

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Recordando

Imagem: Web/Google


Recordo-me da infância, do silêncio das pedras, do rastro do tempo em forma de passos (mesmo mal das pernas), que sentado na esquina olhava para o Atlântico. Instantes meus que não se cristalizaram e nem perderam sua função didática de conta o tempo pueril e nem a capacidade de renovarem-se pela palavra dos cantadores de feira. Não há como deixar de considerar o canto dos passarinhos que perseguindo a linha do horizonte demarcava quais veredas deveria atravessar. Tais vertentes, produzida artificialmente, desagregaram-se em face da palidez das manhãs, mas reacende em mim o prazer de sonhar. Cresci as margens do silêncio, pois as gotas de água que me restavam repousavam no fundo do cantil, ladeando as bordas do devir, sem se recusar a receber mais água. O tempo, curioso e solícito, vai dando forma a esperança mesmo sem saber das minhas promessas.


José Lima Dias Júnior — 15.01.2015

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Que pode ser percebido

Imagem: Jan Muller Hansen, fotógrafo dinamarquês.


Lançar uma nova luz sobre as coisas
É desembaraçar o magma humano
É substantificar um caminho de objetivação
É não dar voz às coisas banais sem emudecer
a si mesmo
É ver um tempo forjado não ariscar uma profecia
e nem oferecer os sinais mais evidentes para decifrá-lo
É compreender os auspícios de um novo instante entre
tantos outros.

José Lima Dias Júnior — 06.01.2015

Fluxo radiante

Imagem: Colmar Wocke, fotógrafo suíço.


O sol irradiando sua luz se personifica.
É um braseiro que arde e alumia
[numa perspectiva que não a percebemos]
as coisas simples e cotidianas,
mesmo que diante da subjetividade do presente
os homens estejam privados de palavra.

José Lima Dias Júnior — 06.01.2015

O tempo em que vivemos

Imagem: Peter Pfeiffer, fotógrafo alemão.


Quando as manhãs descosidas assanham as tardes,
o tempo é ornamentado com colagens de cores vivas.
Visíveis aos olhos líricos observam a claridade das luzes
e a explosão da cor pardacenta dessa terra ao restabelecer
as coisas gastas ou a alegria de viver.

José Lima Dias Júnior — 06.01.2015

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Sua luz resplandece

Imagem: Lee Jeffries, fotógrafo inglês.


Independente da fealdade de uma época
o tempo desfaz a dor assinalando
composições prenhes de significados
que cortando o puritanismo caduco do passado
não anula a infinita resplandecência que nos rodeia.

José Lima Dias Júnior — 05.01.2015

domingo, 4 de janeiro de 2015

Instante trágico

Imagem: Saeed Arabzadeh, fotógrafo iraniano.


Àquele ser, afastado e esquecido,
exprimia a melancolia da solidão
onde o silêncio era a única voz
que o inspirava.

Não encontrava na acuidade
e na simplicidade da observação
algo que permitisse identificar
as formas e os traçados das manhãs.

Redescobria os encantos do tempo
e revisitava os instantes sem remover
o dogmatismo que havia em nós.
Mas enxergava à morte afagando a vida
como a fusão das cores vivas com a arrebol
que brilha numa luz de eternidade.

José Lima Dias Júnior — 04.01.2015

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Apesar dos anos conservei a esperança

Imagem: Colmar Wocke, fotógrafo suíço.


As manhãs para suportar a intolerância do mundo
enfeitam com suas luzes a palidez dos homens
ao recolher do tempo o brilho que, em certo sentido,
ainda hoje subsiste.

O passado que havia em mim
os homens decidiram por apagar quando
me encontrava a meio-caminho do presente.

José Lima Dias Júnior — 02.01.2015

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Quando o tempo entrevia o movimento da rua

Imagem: Baicai, fotógrafo chinês.


Em silêncio o tempo parece entrever
pela fresta da janela o movimento da rua
onde os homens se distanciando da vida
se aproximam do fim.

Do lado de fora a existência se inquieta
ao interpretar um vasto espaço de luz,
que escondendo e manifestando seu enigma
propõem aos homens decifrar o percurso do existir
mesmo que seu lado profano não consiga sacralizar
minha fé primitiva.

José Lima Dias Júnior — 01.01.2015

Evocando um novo tempo

Imagem: Vicent Chung, fotógrafo indonésio.


Quando o cotidiano for
completamente redimensionado
a partir de nossas escolhas, 
talvez o homem não seja coisificado.

Tais escolhas apontam em direção
a outro modo de ser, onde haja
o predomínio das linhas existenciais
nos cobrindo de humanidade.

José Lima Dias Júnior — 01.01.2015

Atmosfera ingênua

Imagem: Radovan Skohel, fotógrafo esloveno.


Os olhos em transe ver
a manhã ricamente vestida de cores,
onde os pássaros voando livremente
entre as frondes do tempo cria um efeito
que nos transporta a um espaço uniforme
com cores vibrantes no final.

José Lima Dias Júnior — 01.01.2015