quarta-feira, 14 de março de 2012

Ângulo obtuso



Aqui, de onde estou
vejo com olhos lassos,
os cansaços, os becos lamacentos,
o ventre-útero
que pariu minha mocidade.

Vejo o silêncio da noite,
o lamento de tantos ais,
o verso, o reverso do verso, sem nexo.

Eu vejo,
as vibrações sonoras,
os cânticos das ruas,
o incêndio das auroras,
a devassa dos homens,
o clamor das carolas.

Eu vejo,
a loucura,
o devaneio dos poetas,
o êxtase, as manhãs...
Tudo isso, eu vejo
pelo ângulo obtuso das retinas
presas a janela de uma cela.


  Por José Lima Dias Júnior...

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