domingo, 30 de dezembro de 2012

Ascender



Longas ideias inteiramente vâs,
cujos movimentos reais
procuram ascender a uma ordem diferente
captando elementos recolhidos no real,
cria uma efervescência que irá
compor o seu próprio ambiente.


José Lima Dias Júnior

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Formas desconhecidas...



A arte capta elementos
recolhidos no real,
para criar um mundo
de formas desconhecidas,
um objeto útil que habita
um encanto deslumbrante,
cujos elementos logo reconhecemos,
para neles nos perdermos no espaço que o envolve...


José Lima Dias Júnior

Composição



Depois de uma rápida
passagem pelo vazio,
com vista a conferir,
uma vida nova, uma composição
tranformando-se num gesto dominado
que se mostra indiferente,
à sedução plástica dos seus feitos
onde os elementos aplicados,
opõe-se e se apropria do Mundo
pare nele inscrever suas agruras,
sua tragédia, seu erotismo.


José Lima Dias Júnior


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Tempo






O passado
que me leva
a algum lugar,
prepara nosso
caminho no futuro.

Que carrega consigo
a descoberta da vida
como processo,
como o tempo presente
a bater à minha porta.

Gritei-lhe em vão:
Espera, já vou!

Imerso no próprio tempo,
procuro vislumbrar
o que há de vir,
o destino que se distancia
à medida que o presente, mesmo opaco, avança...


José Lima Dias Júnior



Tristes trópicos




A sociedade choca
por suas irregularidades e absurdos.
A miséria com seus risos e alegrias...

Para preencher
a existência humana,
onde os dias são
breves como as lembranças...

O prazer da volta
da fiel e devota amizade.
Como a pedra
lançada toca a água...
Sou mero e instável
o eu, o nós e o nada...

Completando sua obra,
o homem tranca
sua "prisão"
depois de exterminar
a última nação indígena...
De longe via o horizonte
sem presente, passado ou futuro...


José Lima Dias Júnior

Impressões cotidianas




Autênticos relevos
em que as diferenças de níveis,
sugeridas pela cor
brotam pelas desigualdades da superfície.

Sem a ilusão da perspectiva,
os dias entrecruzados obliquamente,
centra-se numa abstração
de grande sutileza.

Para se fixar depois definitivamente
por entre composições decorativas,
que continuam a povoar
seu folclore imaginário.

Cúpulas orientais
mistura-se aos vagabundos,
aos excluídos do gueto
que insistem habitar os seus sonhos.

Formas ambíguas,
que emergindo da areia
lançam as suas sombras
em mundos sem fim.


José Lima Dias Júnior

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Universo humano



A vida reaparece
por entre escombros,
que evocam os desígnios
do universo humano,
indiferente as formas dissociadas
e depuradas reconhecível no mundo dos homens.

Unidade orgânica que parece
conjugar as cores da infância,
cujo os corpos inquietantes
surgem como labaredas de um fogo abrasador,
preenchendo os mosaicos de cores alternadas.

Um efeito de multiplicidade
cria uma agitação concebida por linhas retas,
que consegue manifestar a angústia do tempo,
onde seres saídos do delírio e do pesadelo
convergem quase sempre para várias direções
as criaturas prenhes de poesia.


José Lima Dias Júnior

Tons sombrios



Pés descalços a caminhar
por entre o vento agreste,
sujeitos a violentas deformações,
que decompõe rostos e alegrias,
marcados e cobertos de cicatrizes,
frente aos acontecimentos históricos.

A angústia e a esperança
assumem tons sombrios,
cujo os fragmentos de solidão,
avançam em direção ao nada,
onde reúne homens e mulheres disfiguradas
que exprimem horror e compaixão.


José Lima Dias Júnior

O desdobramento das formas



De uma existência miserável
e consumida pelo tempo,
que traduz a realidade,
com exclusão de toda
e qualquer reação afetiva
toda expressão brota
uma obra serena e pura.

Com suas formas desdobradas,
desencaixadas unicamente plásticas,
revela a necessidade de recuperar,
de inventar  um espaço sem perspectiva,
suspensa no elemento que a deveria conter,
desenhos simultanemente figurativos
que a vida cotidiana impreme em nós.


José Lima Dias Júnior

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Hermetismo



Por entre ruas desertas,
as fachadas silenciosas,
confere uma existência
obsessiva de um mundo
feito de variações discretas,
com exclusão de toda reação afetiva,
segundo regras unicamente herméticas,
que recupera a unidade da figura,
em meio a um canto luminoso e ágil...


José Lima Dias Júnior ("Amil Said")

domingo, 12 de agosto de 2012

Firmamento...



No espaço claro do céu,
Por entre nuvens,
Vejo os meninos
Brincando ao redor do mundo...


José Lima Dias Júnior ("Amil Said")

Desejo...



O meu corpo,
Que arrebata
A tua presença,
Repousa em pensamentos
Que prende e laça
O desejo de tê-la.


José Lima Dias Júnior ("Amil Said")

sábado, 11 de agosto de 2012

A procura de um caminho...



Por entre espaços e caminhos,
O vazio e o silêncio,
Convida-me a voltar atrás no tempo,
E a tentar compreender a alma humana,
Um mundo onde a vida corria,
Mas onde parece nunca ter havido mudanças.


José Lima Dias Júnior ("Amil Said")

sábado, 4 de agosto de 2012

A imagem...



Passo a passo,
A imagem
Não se limita a testemunhar
A existência de um novo tempo,
Revelando da realidade,
O sentido dos valores,
As fraquezas e as loucuras,
Fornecendo dados mais concretos.

Redefinindo os princípios
Que tinham guiado a vida dos homens,
Demonstrando claramente,
Embora não muito distante entre si,
Assegurando a solidez de um horizonte tão disperso,
Curva-se diante da noite insólita,
Venerando com devoção,
A brevidade dos dias...


José Lima Dias Júnior ("Amil Said")

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Aridez...



Por forças das condições históricas,
Seres decaídos exprimem uma solidão,
Que se refletem em cores vibrantes,
Que se traduzem em céus incandescentes,
Modificados pela paisagem...

Rostos marcados pela aridez de seu tempo,
Carnes a sangrar suplicam pela esperança,
Cujo mundo impiedoso conclama seus carrascos e juízes,
Que entre palavras e gestos violentos acenam para a multidão...


Oh, obssessiva existência de um mundo sem Deus!
Que me sugere sempre uma certa angústia e solidão,
Porém, sou extremamente gracioso,
mas oferece-me uma felicidade mórbida,
De cor homogênea e viva,
Que nunca abandonou a brevidade das manhãs...


José Lima Dias Júnior ("Amil Said")

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Quimeras...



Devaneios figurativos,
Cuja inocência,
De uma realismo onírico,
Cavalga no livre curso,
Ligando-se ao movimento,
Das direções aparentemente divergentes,
Liberto dos modelos exteriores,
De uma escrita inventada,
Da nudez escancarada,
Da verdade não achada,
Do desenho que obedece,
A um impulso interior,
Sem pretensão,
De captar das manhãs,
As aparências sonhadas,
De um mundo real,
Prolongando-se
Na sua singularidade,
As intermitências da morte,
Onde impõe o silêncio,
Em traços leves e dispersos,
Que ultrapassa o horizonte encorpado
Pelo lume viscoso do tempo,
Se encurvam, se transformam
Num espelho que reflete a luz,
De uma natureza mais nobre,
Cujas, as linhas curvas e alongadas
Transmitem a melancolia das tardes,
Que contrasta com a alegre noite,
Preservando a sensação
De espaço livre e vazio,
Cuja força criadora conservou.


José Lima Dias Júnior

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Limites arbitrários



Pacientemente escrevi,
Na folha em branco do tempo
Palavras e frases
Susceptiveis para serem lidas por todos.
Povoadas de seres e coisas,
Que o tempo me deu,
Para libertar a imaginação
Dos limites arbitrários,
Impostos pela tirania
De um mundo estático,
Sem relação mútua
Com um presente-futurista,
Que procura mostrar o caminho,
Em várias direções perfeitamente identificáveis...


José Lima Dias Júnior

Singular



Capaz de renunciar
O mundo dos objetos,
Procurei alcançar
Uma forma extrema de liberdade,
Atendendo à sua singularidade,
Recheada de rostos e cidades em movimento,
Cujo rastro de luz,
Se perde no horizonte sem fim,
Para reproduzirem as raízes que nos sustenta.


José Lima Dias Júnior

Poetizar



Em cada Ser-palavra,
Contém em si mesma
Um pouco deste amanhã
po-ético.


José Lima Dias Júnior

domingo, 8 de julho de 2012

Diversos planos...

Auto-retrato cubista (Salvador Dalí, 1923)


A arte que se descobre,
Sem modelo,
Simulaneamente expressiva.
Sugerindo uma espécie de explosão,
De efervescência lírica,
Onde passo a chamar-te Composição.

Das relações mais simples entre as formas,
Estruturas identificáveis à medida que forem evoluindo,
Procuram as diferentes funções das linhas, das cores,
Que numa linguagem pessoal,
Nada recorde a existência,
Para preencher retângulos desiguais,
Na verdade mística do cais,
Que separa os diversos planos,
Que atinge o limite extremo,
De uma superfície reluzente.


José Lima Dias Júnior

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Lembranças...



Me alimento de lembranças,
De formas e de sensações,
Colhidas na realidade visível,
Vividas na infância,
No meu tempo de criança...


José Lima Dias Júnior

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Cotidiano



As tendências contemporâneas,
De uma sociedade produtora e de consumo,
Constrói um objeto vulgar, um homem desumano,
Que folheando um jornal, ouvindo uma música negra,
Encontra na leitura de poemas,
Noutros movimentos ou correntes,
Nos inventores de imagens poéticas,
Na deslocação e inversão,
Assimétricas das formas,
Nos elementos cinéticos,
Mais que um esforço,
Para ir além da vida...
Que arranca do contexto abissal,
O uso cotidiano das manhãs,
Num sobressalto,
De uma subversão radical.


José Lima Dias Júnior

O movimento das ruas...



De aspecto pálido,
Aquela forma, esguia, observava,
Fitava pensativamente,
Os movimentos indigestos das ruas,
Pela extremidade da janela.


José Lima Dias Júnior

Pelas ruas...



Diversas formas,
Se refletem,
Por entre espelhos futuristas,
Cujo volume decomposto,
Posto nas curvas nuas,
Do sexo explícito das ruas,
Do seu mundo,
Tal como o homem fabricou.
Do universo que abriga,
Anjos decaídos,
Que inventam,
No sincronismo,
Uma arte que permite,
Nas tonalidades das manhãs,
Colher dos céus,
Um equilíbrio artificial,
Para além do bem e do mal,
Cujo movimento acentua,
A minha voz com sua,
Porém, o vento levou,
Linhas e planos entrecruzados,
Exaltando o passado...


José Lima Dias Júnior

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Reminiscência



O tempo que se apresenta,
Expõe vivamente,
As reminiscências,
Que outrora deixei,
Noutro lugar...
Um tempo que,
Não se assemelha a nada,
Que vi até então,
De um sofreguidão,
Que produz uma insólita solidão.


José Lima Dias Júnior

Apocalíptico...



Na continuidade da dor,
Na angústia de viver,
Um sentimento,
Pungente de solidão,
Se aproxima da vida,
E exala um canto fúnebre,
Foge sua inquietação,
Num universo imaginário,
Reflexo dessa existência,
Marcado pela perda da paz,
Cenas de ruas pintadas no cotidiano,
Exprimem uma visão trágica,
Acentuadas nas formas vis,
De uma violência análoga,
Arrastados por uma torrente inexorável,
Que anuncia, aqui, a premonição,
Que o fim se aproxima...
Além da vontade dos deuses.


José Lima Dias Júnior

domingo, 24 de junho de 2012

Tonalidade dos dias...



Na representação do espaço,
Imagens análogas,
De cores tristes,
Percorrem o caminho,
Que escreveu suas memórias,
Na miserável vida urbana,
Agrupada na tonalidade dos dias,
Na realidade sórdia das noites,
Na violência fria das ruas,
Sublinhando a brevidade,
O intenso contorno das formas,
Que alimenta um combate constante,
De intensidade febril e vibrante.


José Lima Dias Júnior

Seminal



Uma existência inquieta,
Uma serenidade inalcançável,
Onde às palavras se encadeiam,
E mutuamente se atraem,
Por entre deformações, curvaturas e assimetrias,
Visíveis em quadros que brotam da imaginação,
Nas vastas superfícies planas da dor,
Um traço carregado de cor,
Torna a partir,
Na significação simbólica da inocência,
Que vindo a morrer,
Encontra noutras paragens,
A necessidade para renascer,
Um outro amanhecer...


José Lima Dias Júnior

domingo, 17 de junho de 2012

Súplicas...



Sou um menestrel desta trupe decaída,
Que na profundidade do espaço,
Na intensidade da dor,
Na plenitude da forma,
No mais largo sorriso do amor,
Das linhas presas no horizonte,
Em cada recanto uma flor,
Dos anos que não vivi,
Da saudade que restou,
Das lembranças, das campinas,
Dos conselhos do meu avô,
Das memórias feitas de glórias,
Do pranto que rolou,
Da política indigesta,
Da tirania que ficou,
Do poder daquela gente,
Do sonho que não sonhou,
Da impureza da alma,
Do vento forte que soprou,
O vestido vermelho da moça,
Com seus decotes voou,
Levando um sorriso franco,
Do moço ao doutor,
Das carolas de corpo santo,
Das cabrochas sem nenhum pudor,
Se não fica comigo,
Se não vai onde vou,
Prefiro ficar sozinho,
Seja ali, aonde estou,
Não seria difícil supor,
Nos ícones alucinantes,
Do povo com seu clamor,
Caminhando rezando alto,
Pedindo a Nosso Senhor,
Em procissão de preces em vou,
Longe, perto lá estou...


José Lima Dias Júnior

Aparências...


Não sou um pequeno burguês provinciano,
Nem um grande pintor desejado,
Tão solitário e tão livre com a sua arte,
Que retira da sua habilidade,
Um modelo reproduzido,
Num papel amarelado,
A libertar das suas aparências,
Pela harmonias lineares da ausência,
Que revela a natureza íntima das coisas.


José Lima Dias Júnior

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Melancólico



Sem pressa alguma,
Me desvencilho da morte,
E por entre tragos melancólicos,
Bebo o meu viver cotidiano,
Bebo a ironia dos homens.


José Lima Dias Júnior

Traços distintivos...



Breve linhas,
Que roubam do espaço,
A estreita área,
Que o traçado revela.


José Lima Dias Júnior

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O solitário poeta...



O poeta solitário é um entusiasta das impressões cotidianas,
Onde a cada dia procura igualmente adaptar os dias,
Como se aquela manhã tivesse reservado para si a angústia da noite,
Que surge ao mesmo tempo por entre ângulos inesperados,
Das retinas, ele, verifica a divergência radical que se apresenta,
Na vida de milhares de seres que avançam em percursos paralelos.

Por um momento, um alargamento da percepção, é visível encontrar,
Um afastamento das linhas, assimétricas, das ruas,
Confirmando-os numa direção, na contra-mão, que, por ora,
Continua impedindo a seguirem sem saída,
Escrevendo nas páginas vazias do tempo,
Enormes composições alegóricas,
Em que a nobre nudez dos dias,
Surge no cenário vão de majestosas palavras incompreensiveis ao espírito livre,
Que não comove pela candura, pela ingenuidade poética,
Dominado pela singularidade do tempo presente,
Tão solitário, tão livre com sua arte,
O poeta alcança um brilhantismo imediato,
Capaz de colher inspiração num determinado,
Mundo multiforme, com tantas coisas,
Tão contraditórias e mal definidas,
Porém, a solidão, a ângustia e a melancolia lhe causara a morte.
Triste poeta, buscava no futuro uma resposta para o presente.


José Lima Dias Júnior

sábado, 2 de junho de 2012

Composição alegórica...




Na profundidade da luz,
Que reluz, que conduz, com esmero,
Modelos inacabados, expostos na tela,
Tal qual o retrato de um jovem velho,
Que preso pela linearidade dos dias,
Vive o resto de sua existência,
Extensa como a noite,
De algum momento fugidio,
Tem-se de imediato a manifestação,
Das cenas da vida quotidiana,
Reservada para si,
Toda a representação possível do real,
Onde avançam em percursos paralelos.


José Lima Dias Júnior

terça-feira, 22 de maio de 2012

Desalinho...



Por um instante,
A Arte captou,
No equilíbrio precário do corpo,
Tons azuis-violetas mortiços,
Na posição acrobática,
Que surgem em contraluz,
O verde-marinho,
Que desliza à nossa frente,
Uma imagem imobilizada,
No centro de um espaço vazio,
Onde cores oblíqua evoluem em rotação,
Que de improviso chegam até o chão.
Recomposta na memória,
De um mundo visível,
Tracejado na paleta viva do autor,
Tão original como magistral,
Os rostos matinais,
Refletem na luz opaca,
Rompendo a folhagem,
No negro passado das manhãs.
Um artesão ligado à tradição,
Liberta-me do impressionismo,
Latente em teu olhar,
Porém, fora do lugar.
O traço que constrói,
O abismo, a loucura e a dor,
Ao mesmo tempo destrói,
A figura humana,
Que refugia-se da sua enfermidade,
Da sua solidão, dos corpos opulentos
Incabados numa mesma composição.


 José Lima Dias Júnior

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Jardim anárquico...



Na distância de um relevo surpreendente,
No recuo inútil de linhas pronunciadas,
Condensadas na fusão óptica das cores,
Em contraste com as partes sugeridas,
Rompe a claridade em forma de vida,
Sob a influência da manhã,
Espalham-se tantas cores ao acaso,
Que as flores se desprentem em pedaços,
Coincidindo com o fim da resistência que lhe opõe,
Na medida em que é levado ao extremo,
Sujeita a condição artificiais de um jardim anárquico.


José Lima Dias Júnior

Alienação onírica...



Na representação da realidade,
Produz uma alienação onírica,
Onde desenhos e aquarelas restituem fielmente os dias,
Que de forma inesperada surgem nas manhãs,
O único movimento que anuncia o impressionismo matinal,
Que liga ao passado de um mundo surreal.


José Lima Dias Júnior

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Inexpressivo...



Eu fui edificado sobre um terreno,
Profundamente insalubre, cujo o destino
Me transformou num corpo inexpressivo.

José Lima Dias Júnior

Longínquo



Uma realidade perdida,
Que opõe um passado remoto,
Proclama o belo, o sublime,
De um relevo desigual,
Porém, igual aos anos que não vivi.


José Lima Dias Júnior

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Poesia do imaginário




De que é feito a vida?
Da luz oceânica,
Do jogo estrutural dos volumes,
Das hesitações, das oscilações, das composições,
Que invertem a distância,
Entre você e eu,
Multiplicando as paisagens indistintas,
Onde as ninfas dançam,
Nas clareiras do sem-fim,
Divagando por entre sorrisos,
Tão perto, mas longe de mim.


José Lima Dias Júnior

Pranto



No horizonte calmo e profundo,
Figuras idealizadas, em tamanho natural,
Irropem num clarão onírico,
Onde as imagens aparecem amontoadas ao acaso.

Formas tremulas preparam igualmente o futuro,
Menos representativo, no espaço claro-escuro,
Do universo em pranto profundo,
Homens, mulheres e crianças choram as dores do mundo.


José Lima Dias Júnior

Esquinas...



A sensualidade dos rostos femininos,
Vistos em todas as esquinas,
Parecem ser musical, contemplativo.

Espécie de doçura,
Que em breve desaparecerá para sempre,
O êxtase  da comunhão com Deus.

Contemplando uma paisagem infinita,
Como a sombra que escapa ao absurdo,
Dos infinitos que os rodeiam.

A estupidez complacente,
De um eterno egoísmo humano,
Arrancando todas as máscaras e os prazeres mundano.


José Lima Dias Júnior

sábado, 28 de abril de 2012

Delírio



À noite em delírio,
É atraída pelos espetáculos no céu,
Tudo se confunde na incandescência da luz,
Do fogo que rompe da água,
Do sereno que cai sobre as manhãs,
Para se libertar dentro de si,
Todas as formas ardentes que nos atingem,
As quais pesam a loucura e a angústia de uma época.
Um homem que corre em direção à morte,
Atormentado pela passagem dos dias,
Num espaço profundo e agitado,
Que se integra na paisagem episódios trágicos,
Da vida romota da cidade,
Onde se contrapõem a melancolia da vida humana.


José Lima Dias Júnior

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A fome



Sou filho do mesmo barro,
Que escorre do barranco,
As crianças vitimadas pela fome,
Não rir, nem choram,
Não tem forças para viver.
Sem esperança... Morrem.


José Lima Dias Júnior

Labirinto textual

 

Refletido no espelho, eu,
Dobro e redobro meu eu infinito,
Multiplicando-se na síntese poética,
Busco a significação do outro eu,
Entre o limite e o abismo,
Das palavras produtoras de sentidos,
Propagado nos reflexos,
Símbolos acenam para algum lugar,
Construído de fragmentos paródicos,
Um abismo mítico, abissal.


José Lima Dias Júnior

No teu universo...



Conhecer o absoluto,
Desse universo sim fim,
Se existem outros, além de nós,
Onde seus limites nos alcança,
Que no cair do dia,
Pode sentir da noite o silêncio,
No abre e fecha das janelas,
Para comtemplar a escuridão,
A Via Láctea mais próxima,
Nos abre para a luz do céu,
Mas, o inacessível me contém.


José Lima Dias Júnior

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A heterogeneidade da cotidianidade


A vida cotidiana,
 Absorve-me preponderantemente.
Essa cotidianidade (in) substancial
É a vida de todo homem, de todos nós.


A vida cotidiana não é um corpo vazio,
Nela encontra-se os nossos sentidos,
Comportamentos, os preconceitos ultrageneralizados,
Nossas capacidades intelectuais, o nosso trabalho físico ou mental,
As inversões de valores, os sentimentos, paixões, ideias e ideologias...


A vida cotidiana é heterogênea, é plural.
Apesar de não ser eterna e imutável, é hierárquica.
Essa hierarquização da cotidianidade se modifica mediante,
As diferentes estruturas sociais e econômicas que possuímos.
É, o que diferencia as camadas sociais: burguesia versus proletariado.


A organização do  trabalho regula e constitui toda vida cotidiana,
Sobre a qual estão subordinadas todas as demais formas de atividades.
A vida cotidiana não está fora da nossa historicidade, uma vez que
a história "é a substância da sociedade e a cotidianidade é a essência dessa substância social".


Quem assimila a cotidianidade de sua época, apreende melhor o passado histórico,
embora essa assimilação possa não ser consciente.
A vida cotidiana é a alienação,
A vida cotidiana é a cotidianidade não-alienada,
A vida cotidiana é a manipulação do indivíduo,
É as opiniões alheias, o senso-comum, o empirismo...


A vida cotidiana é o dia-a-da de cada um de nós,
A vida cotidiana sou eu, as pessoas, vocês, o sujeito e o cidadão.
A vida cotidiana são os seres (in) conscientes (ir) racionais.


A vida cotidiana são as (nossas!?) angústias psíquicas, os instintos, impulsos e desejos...

Por José Lima Dias Júnior...