Em um tom prosaico

Imagem: Juan Luis Duran, fotógrafo espanhol.

Todo ente que não tem alma

envelhece prematuramente

mesmo que a negra noite

presente em seu olhar

anuncie o brilho da estrela matinal

sem negar os reflexos da dependência

entre o ocaso e o nascer do sol.

José Lima Dias Júnior — 18.02.2015

Resíduo do tempo

Imagem: Andrei Paul Nutu, fotógrafo romeno.

Existe no seio de cada manhã

olhares esquecidos

que perdidos em si mesmos

se automutilam ao gritar o vazio.

Resíduo de um passado agonizante

que faz o homem sequioso subverter

com os padrões vigentes o tempo que amanhece.

José Lima Dias Júnior — 17.02.2015

Tempo cíclico

Imagem: Alamsyah Rauf, fotógrafo indonésio.

Tão transitório e fugidio

o tempo deprime o novo,

tornando-o logo velho.

Nos mesmos moldes

os instantes se reconhecem

ao compartilhar o período contínuo

no qual os eventos se sucedem.

Ponto de partida ao longo do caminho

surge como uma manifestação momentânea

que numa busca infinda se propaga pela infinitude

do universo.

José Lima Dias Júnior — 15.02.2015

Sem perder a vitalidade

Imagem: Agust Syahrivana, fotógrafo indonésio.

Um tempo vivo

erguido sobre novos alicerces

vive uma relação com o passado, 

mas sua tessitura mantém sempre 

um diálogo com o presente

apesar da negação, da pluralidade e da heresia

que se encontra no prolongamento do caminho

ou na permanência do antigo

onde as lembranças cristalizadas não perderam 

a vitalidade.

José Lima Dias Júnior — 12.02.2015

Olhos vívidos

Imagem: Vincent Chung, fotógrafo indonésio.

Se há em nós moléculas e átomos em vibração

participando de uma dança cósmica

parece haver no vão das coisas um presente evanescente

e um passado perdido em lembranças.

Uma realidade logicamente consistente apresenta

um olhar vívido de um mundo cartesiano;

embora triste e lacrimoso.

José Lima Dias Júnior — 05.02.2015

Absorvido pelo exterior

Imagem: fotografia reutilizada do filme "O Andarilho".

O homem perambulando

se angustia com o presente

que encanta e apavora.

De cor indistinta cada instante

o revela e o exprime em imagens refletidas 

onde o existir é tão instável e fugidio.

A paisagem lírica do passado preenchendo

os elementos materiais da vida moderna

minimizam a decadência humana.

José Lima Dias Júnior — 03.02.2015

A fugacidade do tempo

Imagem: 'Criança Geopolítca' por Salvador Dalí (1904-1989).

Em face de sua própria ausência

o tempo movimenta-se despercebido

sente o cheiro das lembranças, onde

a saudade é voz harmônica e dissonante,

já que a vida e a morte são metáforas

sem dessacralizar o poente tão presente

na fugacidade e no efêmero devir.

José Lima Dias Júnior — 01.02.2015