sexta-feira, 29 de junho de 2012

Cotidiano



As tendências contemporâneas,
De uma sociedade produtora e de consumo,
Constrói um objeto vulgar, um homem desumano,
Que folheando um jornal, ouvindo uma música negra,
Encontra na leitura de poemas,
Noutros movimentos ou correntes,
Nos inventores de imagens poéticas,
Na deslocação e inversão,
Assimétricas das formas,
Nos elementos cinéticos,
Mais que um esforço,
Para ir além da vida...
Que arranca do contexto abissal,
O uso cotidiano das manhãs,
Num sobressalto,
De uma subversão radical.


José Lima Dias Júnior

O movimento das ruas...



De aspecto pálido,
Aquela forma, esguia, observava,
Fitava pensativamente,
Os movimentos indigestos das ruas,
Pela extremidade da janela.


José Lima Dias Júnior

Pelas ruas...



Diversas formas,
Se refletem,
Por entre espelhos futuristas,
Cujo volume decomposto,
Posto nas curvas nuas,
Do sexo explícito das ruas,
Do seu mundo,
Tal como o homem fabricou.
Do universo que abriga,
Anjos decaídos,
Que inventam,
No sincronismo,
Uma arte que permite,
Nas tonalidades das manhãs,
Colher dos céus,
Um equilíbrio artificial,
Para além do bem e do mal,
Cujo movimento acentua,
A minha voz com sua,
Porém, o vento levou,
Linhas e planos entrecruzados,
Exaltando o passado...


José Lima Dias Júnior

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Reminiscência



O tempo que se apresenta,
Expõe vivamente,
As reminiscências,
Que outrora deixei,
Noutro lugar...
Um tempo que,
Não se assemelha a nada,
Que vi até então,
De um sofreguidão,
Que produz uma insólita solidão.


José Lima Dias Júnior

Apocalíptico...



Na continuidade da dor,
Na angústia de viver,
Um sentimento,
Pungente de solidão,
Se aproxima da vida,
E exala um canto fúnebre,
Foge sua inquietação,
Num universo imaginário,
Reflexo dessa existência,
Marcado pela perda da paz,
Cenas de ruas pintadas no cotidiano,
Exprimem uma visão trágica,
Acentuadas nas formas vis,
De uma violência análoga,
Arrastados por uma torrente inexorável,
Que anuncia, aqui, a premonição,
Que o fim se aproxima...
Além da vontade dos deuses.


José Lima Dias Júnior

domingo, 24 de junho de 2012

Tonalidade dos dias...



Na representação do espaço,
Imagens análogas,
De cores tristes,
Percorrem o caminho,
Que escreveu suas memórias,
Na miserável vida urbana,
Agrupada na tonalidade dos dias,
Na realidade sórdia das noites,
Na violência fria das ruas,
Sublinhando a brevidade,
O intenso contorno das formas,
Que alimenta um combate constante,
De intensidade febril e vibrante.


José Lima Dias Júnior

Seminal



Uma existência inquieta,
Uma serenidade inalcançável,
Onde às palavras se encadeiam,
E mutuamente se atraem,
Por entre deformações, curvaturas e assimetrias,
Visíveis em quadros que brotam da imaginação,
Nas vastas superfícies planas da dor,
Um traço carregado de cor,
Torna a partir,
Na significação simbólica da inocência,
Que vindo a morrer,
Encontra noutras paragens,
A necessidade para renascer,
Um outro amanhecer...


José Lima Dias Júnior

domingo, 17 de junho de 2012

Súplicas...



Sou um menestrel desta trupe decaída,
Que na profundidade do espaço,
Na intensidade da dor,
Na plenitude da forma,
No mais largo sorriso do amor,
Das linhas presas no horizonte,
Em cada recanto uma flor,
Dos anos que não vivi,
Da saudade que restou,
Das lembranças, das campinas,
Dos conselhos do meu avô,
Das memórias feitas de glórias,
Do pranto que rolou,
Da política indigesta,
Da tirania que ficou,
Do poder daquela gente,
Do sonho que não sonhou,
Da impureza da alma,
Do vento forte que soprou,
O vestido vermelho da moça,
Com seus decotes voou,
Levando um sorriso franco,
Do moço ao doutor,
Das carolas de corpo santo,
Das cabrochas sem nenhum pudor,
Se não fica comigo,
Se não vai onde vou,
Prefiro ficar sozinho,
Seja ali, aonde estou,
Não seria difícil supor,
Nos ícones alucinantes,
Do povo com seu clamor,
Caminhando rezando alto,
Pedindo a Nosso Senhor,
Em procissão de preces em vou,
Longe, perto lá estou...


José Lima Dias Júnior

Aparências...


Não sou um pequeno burguês provinciano,
Nem um grande pintor desejado,
Tão solitário e tão livre com a sua arte,
Que retira da sua habilidade,
Um modelo reproduzido,
Num papel amarelado,
A libertar das suas aparências,
Pela harmonias lineares da ausência,
Que revela a natureza íntima das coisas.


José Lima Dias Júnior

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Melancólico



Sem pressa alguma,
Me desvencilho da morte,
E por entre tragos melancólicos,
Bebo o meu viver cotidiano,
Bebo a ironia dos homens.


José Lima Dias Júnior

Traços distintivos...



Breve linhas,
Que roubam do espaço,
A estreita área,
Que o traçado revela.


José Lima Dias Júnior

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O solitário poeta...



O poeta solitário é um entusiasta das impressões cotidianas,
Onde a cada dia procura igualmente adaptar os dias,
Como se aquela manhã tivesse reservado para si a angústia da noite,
Que surge ao mesmo tempo por entre ângulos inesperados,
Das retinas, ele, verifica a divergência radical que se apresenta,
Na vida de milhares de seres que avançam em percursos paralelos.

Por um momento, um alargamento da percepção, é visível encontrar,
Um afastamento das linhas, assimétricas, das ruas,
Confirmando-os numa direção, na contra-mão, que, por ora,
Continua impedindo a seguirem sem saída,
Escrevendo nas páginas vazias do tempo,
Enormes composições alegóricas,
Em que a nobre nudez dos dias,
Surge no cenário vão de majestosas palavras incompreensiveis ao espírito livre,
Que não comove pela candura, pela ingenuidade poética,
Dominado pela singularidade do tempo presente,
Tão solitário, tão livre com sua arte,
O poeta alcança um brilhantismo imediato,
Capaz de colher inspiração num determinado,
Mundo multiforme, com tantas coisas,
Tão contraditórias e mal definidas,
Porém, a solidão, a ângustia e a melancolia lhe causara a morte.
Triste poeta, buscava no futuro uma resposta para o presente.


José Lima Dias Júnior

sábado, 2 de junho de 2012

Composição alegórica...




Na profundidade da luz,
Que reluz, que conduz, com esmero,
Modelos inacabados, expostos na tela,
Tal qual o retrato de um jovem velho,
Que preso pela linearidade dos dias,
Vive o resto de sua existência,
Extensa como a noite,
De algum momento fugidio,
Tem-se de imediato a manifestação,
Das cenas da vida quotidiana,
Reservada para si,
Toda a representação possível do real,
Onde avançam em percursos paralelos.


José Lima Dias Júnior