terça-feira, 22 de maio de 2012

Desalinho...



Por um instante,
A Arte captou,
No equilíbrio precário do corpo,
Tons azuis-violetas mortiços,
Na posição acrobática,
Que surgem em contraluz,
O verde-marinho,
Que desliza à nossa frente,
Uma imagem imobilizada,
No centro de um espaço vazio,
Onde cores oblíqua evoluem em rotação,
Que de improviso chegam até o chão.
Recomposta na memória,
De um mundo visível,
Tracejado na paleta viva do autor,
Tão original como magistral,
Os rostos matinais,
Refletem na luz opaca,
Rompendo a folhagem,
No negro passado das manhãs.
Um artesão ligado à tradição,
Liberta-me do impressionismo,
Latente em teu olhar,
Porém, fora do lugar.
O traço que constrói,
O abismo, a loucura e a dor,
Ao mesmo tempo destrói,
A figura humana,
Que refugia-se da sua enfermidade,
Da sua solidão, dos corpos opulentos
Incabados numa mesma composição.


 José Lima Dias Júnior

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Jardim anárquico...



Na distância de um relevo surpreendente,
No recuo inútil de linhas pronunciadas,
Condensadas na fusão óptica das cores,
Em contraste com as partes sugeridas,
Rompe a claridade em forma de vida,
Sob a influência da manhã,
Espalham-se tantas cores ao acaso,
Que as flores se desprentem em pedaços,
Coincidindo com o fim da resistência que lhe opõe,
Na medida em que é levado ao extremo,
Sujeita a condição artificiais de um jardim anárquico.


José Lima Dias Júnior

Alienação onírica...



Na representação da realidade,
Produz uma alienação onírica,
Onde desenhos e aquarelas restituem fielmente os dias,
Que de forma inesperada surgem nas manhãs,
O único movimento que anuncia o impressionismo matinal,
Que liga ao passado de um mundo surreal.


José Lima Dias Júnior

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Inexpressivo...



Eu fui edificado sobre um terreno,
Profundamente insalubre, cujo o destino
Me transformou num corpo inexpressivo.

José Lima Dias Júnior

Longínquo



Uma realidade perdida,
Que opõe um passado remoto,
Proclama o belo, o sublime,
De um relevo desigual,
Porém, igual aos anos que não vivi.


José Lima Dias Júnior

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Poesia do imaginário




De que é feito a vida?
Da luz oceânica,
Do jogo estrutural dos volumes,
Das hesitações, das oscilações, das composições,
Que invertem a distância,
Entre você e eu,
Multiplicando as paisagens indistintas,
Onde as ninfas dançam,
Nas clareiras do sem-fim,
Divagando por entre sorrisos,
Tão perto, mas longe de mim.


José Lima Dias Júnior

Pranto



No horizonte calmo e profundo,
Figuras idealizadas, em tamanho natural,
Irropem num clarão onírico,
Onde as imagens aparecem amontoadas ao acaso.

Formas tremulas preparam igualmente o futuro,
Menos representativo, no espaço claro-escuro,
Do universo em pranto profundo,
Homens, mulheres e crianças choram as dores do mundo.


José Lima Dias Júnior

Esquinas...



A sensualidade dos rostos femininos,
Vistos em todas as esquinas,
Parecem ser musical, contemplativo.

Espécie de doçura,
Que em breve desaparecerá para sempre,
O êxtase  da comunhão com Deus.

Contemplando uma paisagem infinita,
Como a sombra que escapa ao absurdo,
Dos infinitos que os rodeiam.

A estupidez complacente,
De um eterno egoísmo humano,
Arrancando todas as máscaras e os prazeres mundano.


José Lima Dias Júnior